Marina Silva está a toda: aparece todos os dias dando entrevistas e falando sobre a sua esotérica “rede” que é um partido e ao mesmo tempo meio que não é. Seu discurso é inteligente e pode causar problemas para a dupla PT e PSDB, que monopolizam a política nacional há 20 anos.
A “rede” de marineiros, segundo a própria candidata, não é nem de esquerda nem de direita. Assim como é um partido, mas não é. Marina quer ficar com a parte agradável de cada conceito, e jogar a outra metade fora. Como se isso fosse possível.
Ela finge que é possível fazer um partido sem se preocupar com alianças, governabilidade ou coalizão, num país que tem mais de 30 legendas. E que está ganhando mais uma, a própria “rede”.
Não é verdade. Se, por acaso, chegar ao poder, Marina terá sim de negociar com outros partidos, incluindo aí o PMDB e seus aprendizes de fisiologismo, como PSB e PSD. Não dá para governar só com os xodós dela. Seria o caos negociar com o Congresso dessa maneira.
Ela finge que é possível ficar só com a parte “consensual” da esquerda. Ser contra o desmatamento, a favor dos bichinhos e dos direitos humanos, defender a diversidade e o urso panda. Mas há a outra parte: a economia e as questões tensas da política, e não há como não se posicionar.
Mas Marina tem uma coisa que o PSDB não tem. Ela tem discurso. O PSDB, depois da fase áurea de Fernando Henrique e Mario Covas, se transformou em um partido sem grandes sonhos. Depois da ascensão de Lula, reduziu-se a um medíocre papel de ombudsman do PT.
O que quer o PSDB? Pergunte-se isso a cem brasileiros e 90 responderão: tirar o petismo do poder. Certo, mas para que? Com que projeto de país?
As pessoas gostam de críticas. Mas gostam mais de sonhos. Lula entendeu isso e deixou o PSDB comendou poeira. Marina, com seu discurso de crença na ecologia, na superação, na humanidade, nos movimentos sociais, tem algo a incomodar principalmente os tucanos.
Ou o PSDB arranja um discurso ou corre o sério risco de passar para terceiro lugar nas eleições de 2014.
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