É normal que partidos de fundo ideológico aos poucos vão se conformando às regras do jogo e aceitando um certo pragmatismo em nome da conquista do poder. Foi o que aconteceu com o PT, que começou com um ideal de defesa da causa dos trabalhadores e que, no início, não aceitava concessões. Todos sabem a diferença do Lula de 1989 para o de 2013. E sabem que o partido se adequou à realidade política nacional. Acertou coalizão até mesmo com o PP, a antiga Arena, em nome dos votos do malufismo.
Outros partidos menores fizeram ou fazem trajetória parecida, mesmo sem ter a Presidência da República como recompensa. O PSol, que se parece bastante com o PT dos anos 80, começa a dar indícios de que fará concessões. O PV está mais adiantado no mesmo caminho. O que chama atenção no caso da Rede de Marina Silva, porém, é a rapidez com que tudo está acontecendo.
Meses atrás, o partido foi anunciado como a salvação da ética nacional. Seria diferente: nem mesmo seria um partido nos moldes tradicionais, mas uma estrutura em forma de rede, mais democrática, destinada ao diálogo etc. Havia indícios de que não era bem assim: o partido já começava com uma cacique e uma candidatura. Quem não topasse o projeto pessoal de Marina obviamente não teria muito o que fazer por lá.
De um mês para cá, o discurso mudou também em função da pressa para que o partido possa concorrer já no ano que vem. Marina e seus asseclas começaram a pedir que a Justiça desse um “jeitinho”, validando assinaturas sem checá-las. Desrespeito explícito à lei em nome de um projeto pessoal. Tudo porque Marina não quis apressar as coisas para ficar mais tempo exposta na mídia.
Agora, o partido anuncia também que o “rigoroso filtro ético” para aceitar filiados será temporariamente suspenso. Em nome do pragmatismo, para conseguir mais assinaturas e poder concorrer, logo de cara, mesmo antes de existir, o partido baniu o critério ético de filiação.
Fica-se imaginando o que Marina seria capaz de aceitar pela Presidência, se em tão pouco tempo mudou tanto os critérios de sua própria organização.
Impopularidade de Lula piora tensão entre poderes e eleva custo da governabilidade
Apostas em impeachment de Lula já ou vitória nas urnas em 2026 dividem direita
Pedir o impeachment de Lula ou não? A divisão da direita nas manifestações
Tarcísio empata com Lula em eventual 2º turno à presidência em 2026; governador nega candidatura
Inteligência americana pode ter colaborado com governo brasileiro em casos de censura no Brasil
Lula encontra brecha na catástrofe gaúcha e mira nas eleições de 2026
Barroso adota “política do pensamento” e reclama de liberdade de expressão na internet
Paulo Pimenta: O Salvador Apolítico das Enchentes no RS