Domingo é Dia das Mães. E todo mundo aproveita para fazer as devidas e justas homenagens às mulheres que passam por tudo o que passam em nome dos filhos. Os políticos, claro, tentam tirar uma casquinha e lembrar o que já fizeram pelas mulheres. Mas o fato é que há muita coisa ainda por fazer nesta área no Brasil.

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Mesmo sem falar na cultura machista do Brasil, que torna difícil a vida de todas as mulheres, e não só das mães, há desafios que a sociedade como um todo precisa ajudar a superar. E que precisam ser mediados pela política. Para que as mulheres possam sofrer menos e para que a maternidade tenha menos de “padecimento” e mais de “paraíso”.

O problema mais grave continua sendo a mortalidade materna. Ou seja: a quantidade de mulheres que perdem a vida no parto. Essas mortes, que na maioria das vezes acontecem por causas evitáveis, ainda estão muito acima das taxas aceitáveis internacionalmente. Depois de uma longa queda, o país ainda apresentava em 2013 a média de 62 mortes para 100 mil nascimentos.

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Isso significa que o país passou longe da meta estabelecida pela ONU de reduzir a taxa para 35 casos a cada 100 mil partos. E mais longe ainda de conseguir chegar a índices de países de primeiro mundo, como os Estados Unidos (26,4 casos por 100 mil) e o Canadá (7,3 para 100 mil).

Cesáreas e violência

A OMS diz que isso é um paradoxo: apesar do crescente índice de medicalização do parto, as mulheres seguem morrendo em índices incompatíveis com o tratamento oferecido. E o país é um campeão em cesáreas. São 8,5 partos cirúrgicos a cada dez nascimentos no Brasil. Em grande parte porque não se incentiva que os médicos façam o parto normal, muito melhor do ponto de vista da saúde da mulher e do bebê.

Apesar de tentativas governamentais (algumas incipientes) para combater a violência obstétrica, esse também continua sendo um problema grave no Brasil. Muitos hospitais seguem sem deixar que a gestante seja acompanhada pelo marido ou parceiro. E nem se pede que a mulher faça o que em outros países é dado como algo natural: um plano de parto. Ou seja: que ela diga como quer ter o filho.

A violência obstétrica prossegue com o uso excessivo e desnecessário de episiotomias (o corte da vagina para acelerar o parto) e outros procedimentos que deveriam cair em desuso, como a perfuração da bolsa para abreviar a duração do nascimento.

As reformas

As reformas previstas pelo governo Michel Temer só devem dificultar a vida das mães trabalhadoras. Para ficar num exemplo, hoje grande parte das mães só tem quatro meses de licença. E a OMS recomenda seis meses, no mínimo, de aleitamento. Muita gente usa o horário do almoço no trabalho para amamentar. Ou para tirar leite e guardar para dar mais tarde ao bebê.

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Mas além de não prolongar a licença (que chega a dois anos em outros países), o governo quer reduzir o almoço mínimo no trabalho para 30 minutos. E aumentar a carga horária da trabalhadora para até 12 horas num dia. Sem falar na aposentadoria cada vez mais tardia que dificulta às avós e aos avôs darem assistência às mães.

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