Imaginem que os otimistas estejam certos. Que Jair Bolsonaro (PSL) tenha tido um estalo de Vieira e, de repente, descobriu que a democracia é o caminho. Eleito, governará rigorosamente dentro do que mandam a Constituição e o Estado de Direito, dos quais zombou a vida toda, defendendo a tortura e ditadores violentos.
Tudo termina bem, certo?
Mesmo que essa ficção, implausível como a hipótese de amanhã Lula vir a se declarar culpado, viesse a acontecer, a eleição de Bolsonaro macularia por um período enorme a democracia brasileira.
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Quando o governo de Costa e Silva, um dos heróis do capitão da reserva, decretou o AI-5, a maior violência já cometida contra a democracia e as liberdades individuais na história do país, Pedro Aleixo, seu vice, disse uma frase clássica.
O problema do Ato Institucional não era tanto o que o presidente ia fazer com ele. O problema era o guardinha da esquina. Viu-se no que deu. Nem foi à toa que quando Costa e Silva teve o AVC, os militares impediram Aleixo, o único ser sensato no governo, de assumir, dando um autogolpe (como pretende o general Mourão).
Mesmo que Bolsonaro se mostrasse um doce e um ardoroso seguidor da lei, esquecendo seu amor por Ustra, o recado de sua eleição estaria dado: a população estaria dando uma carta branca para que a violência imperasse na PM, nas delegacias e em toda parte.
Hoje, a Polícia Militar brasileira já mata como poucas. Na Civil, são diversos os relatos de tortura. Isso não havendo um presidente que tem saudades de Pinochet. Imagine.
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A eleição de Bolsonaro daria ao guarda da esquina a certeza de ter em Brasília um amigo que faria de tudo para ocultar suas barbaridades – e na sociedade em geral, milhões de apoiadores desse tipo de truculência.
O recado de cada voto em Bolsonaro é um golpe na civilidade e na civilização – artigos já raros em nosso triste país.
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