O preço da liberdade é a eterna vigilância, como se sabe. Na democracia, é preciso ficar sempre atento às tentativas de justificar ações não democráticas. Ações como a dos clubes militares que, nos últimos dias, andaram defendendo novamente o golpe de 1964.
“Os clubes militares (…) homenageiam, nesta data, os integrantes das Forças Armada da época que, com sua pronta ação, impediram a tomada do poder e sua entrega a um regime ditatorial indesejado pela nação brasileira”, diz a nota dos integrantes da reserva, assinada pelos Clubes Militar, Naval e de Aeronáutica, divulgada na quinta-feira.
A desculpa de que o golpe de 1964 só veio evitar algo pior, com a possível instalação do comunismo no país, é sempre usada pelos militares para tentar defender o indefensável: a ruptura da democracia causada por eles em 1964.
Em primeiro lugar, o Brasil, claro, não caminhava para o comunismo coisa nenhuma. A não ser na cabeça de algum paranoico viciado em Guerra Fria, João Goulart nunca foi “aliado de Moscou”.
Em segundo lugar, mesmo que houvesse um risco, isso jamais justificaria um golpe de Estado. Se havia risco para a democracia, que o Exército garantisse a permanência da democracia, e não que a eliminasse de vez.
A nota fala num “regime ditatorial indesejado pela nação brasileira”. Como se houvesse um que fosse “desejado”…
É preciso tomar cuidado porque esse tipo de discurso acaba colando com gerações que nunca viveram nem estudaram a época. E, daqui a pouco, cria-se uma versão totalmente deturpada para os fatos.
Não há nada que justifique um golpe de Estado. Quem derruba um governo democrático é sempre ditador. E ponto.
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