O colunista David Brooks escreveu um texto muito interessante no New York Times em meio à onda de intolerância que atinge os Estados Unidos.
O texto defende a “política dos moderados”. Contra os “guerreiros da direita” de Trump, ele acha que a melhor solução não são os “guerreiros da esquerda”. E, sim, os moderados. Mas quem são essas pessoas?
Por princípio ético, o blog preferiu não traduzir o texto todo do NYT. Mas foi difícil resistir à tentação. Por isso, selecionei trechos dos nove princípios que ele apresenta. Alguns, mais curtinhos, vão inteiros.
Mas recomenda-se vivamente a quem possa ler o original que vá ao site do Times. Tem coisa muito boa que ficou de fora.
Os nove princípios
1- A verdade é plural. Ninguém tem a resposta certa para as grandes questões políticas. Pelo contrário, normalmente a política é uma tensão entre dois ou mais pontos de vista, e cada um deles detém parte da verdade. (…) A política é algo dinâmico, não um debate que possa ser decidido de uma vez por todas.
2- A política é uma atividade limitada. Fanáticos buscam no campo político salvação e autorrealização. Transformam a política em uma religião secular e em última instância em uma guerra religiosa apocalíptica por tentarem impor uma resposta correta para tudo.
3- A criatividade é sincrética. Os moderados não retiram simplesmente suas ideias do centro do espectro ideológico. Eles creem que a criatividade acontece quando você funde galáxias de crenças que inicialmente parecem incompatíveis.
4- O melhor é ser cético. O mal que os governos causam quando erram – guerras, depressão – é muito maior do que os benefícios que produz quando acerta. Por isso o moderado trabalha com uma política do ceticismo, não com uma política da fé (…) e por isso prefere reformas graduais a mudanças revolucionárias bruscas.
5- Verdade acima da justiça. Todo movimento político deve enfrentar fatos inconvenientes – pensamentos e dados que parecem ajudar seus adversários. Se você tentar suprimir esses fatos, banindo um orador ou demitindo um empregado, estará colocando os objetivos da sua causa, por mais nobre que ela seja, acima da busca pela verdade. Esse é o caminho para o fanatismo.
6- Cuidado com os riscos de uma única identidade. Ao invés de viver várias identidades – latino/lésbica/proprietário de armas/cristão – que levam a caminhos diferentes, [os fanáticos] se transformam em mônadas. Priorizam uma identidade, uma narrativa, e uma reconfortante distorção.
7- Ter um partido é necessário, mas cega. O debate partidário aguça a opinião, mas quem tem um partido tende a justificar seus próprios pecados apontando os pecados do outro lado. Moderados são membros problemáticos de seu partido. Tendem a ser duros com seus pares e a ter simpatia pelos adversários.
8- Humildade é a virtude fundamental. Quanto mais o moderado enfrenta a realidade, mais compreende quanto está além de sua compreensão.
9- Moderação exige coragem. Moderados não operam na segurança de galeões ideologicamente puros. Eles não têm medo de enfrentar as correntes, de se afastar do clã, reconhecendo que o que sabem é muito pouco.
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