A entrevista de Ney Leprevost à Folha de S.Paulo, publicada nesta quinta-feira, reforça uma característica que deve durar todo o segundo turno da campanha em Curitiba: a despolitização da eleição.
Leprevost fez questão de dizer que não “de esquerda nem de direita, nem estatista nem liberal”. Ou seja: não seria um candidato ideológico. Greca, com sua disposição a reforçar que é técnico (engenheiro, urbanista), escapa sempre que pode da política.
Os dois tentam convencer o eleitor que estão fora do jogo político. Que são apenas candidatos a gestores. Apesar disso, seus discursos, como não poderia deixar de ser, estão coalhados de dicas sobre suas reais ideologias.
Embora a prefeitura seja um espaço mais para gestão do que para ideologia (não se trata de política econômica, nem de política internacional, nem há capacidade para mudar bruscamente as políticas sociais), é evidente que é um cargo principalmente político.
Leprevost insiste que é um candidato “do bem”, como se isso fosse possível fora de alguma ideologia. Greca insiste no “amor”. Nenhum deles se posiciona a favor de causas em que há polêmicas mais fortes. Evitam, em outras palavras, dizer que são “contra” qualquer coisa. Como se fosse possível ser “a favor” de tudo.
Ser a favor de habitação social, porém, exige ser contra a especulação imobiliária. Ser a favor de transporte público implica, pelo menos em alguma medida, ir contra o predomínio do carro. Ser a favor do SUS significa ser contra os que querem reduzi-lo.
O “bem” não é um modo de governar. Até porque cada um tem sua ideia de bem. A ideia de “bem” de Trump é muito diferente da de Hillary. Mas na campanha de Curitiba, tudo se passa como se a política não existisse e estivessem todos ao lado de todo mundo: o que é, evidentemente, impossível.
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