Jaime Lerner é um dos novos conselheiros efetivos do Cepha.| Foto:
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Ney Leprevost usou no último programa de tevê do segundo turno um pequeno trecho em que aparecia o ex-prefeito Jaime Lerner, citado por ele infinitas vezes ao longo da campanha como exemplo de administrador.

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Foi a primeira e única vez que Lerner deu as caras na campanha. Mas no trecho, curiosamente, não pedia votos nem fazia menção à eleição municipal. Entrevistado, falava apenas do início de sua administração, quando era “um prefeito jovem”.

A única possível ligação com a campanha de Ney estaria nesta palavra: Leprevost insiste que por ser mais novo do que Greca traria novidades, poderia ser um melhor prefeito. Mas é uma ligação bastante sutil.

Logo depois do horário eleitoral gratuito, porém, veio uma possível explicação para a sutileza demasiada. Lerner foi ao Facebook dizer que não gravou nada para nenhum candidato e que nem autorizou o uso de sua imagem, Mais: não apoia ninguém.

Imediatamente a equipe do governo do estado começou a entrar em contato com jornalistas para avisar da mensagem de Lerner e dizer que Ney deu um “tiro no pé”. Pode ser que sim. Mas, se foi uma malandragem, foi bem feita.

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Lerner, prefeito três vezes e governador mais duas, está aposentado da política. Há anos não apoia ninguém formalmente. No início desta campanha, quando começou a ser citado como exemplo por vários candidatos, deixou claro que ficaria fora de cena.

Esta foi a primeira vez, em um bom tempo, que o legado de Lerner foi retomado. Devido aos tropeços como governador, seus bons feitos de prefeito andavam esquecidos. Agora, porém, Maria Victoria, Leprevost e até Requiãozinho, quem diria, elogiavam Lerner.

Greca, que foi seu sucessor e amigo durante um bom período, andava às turras com ele. Desde 2002, quando Lerner decidiu apoiar Richa ao invés de Greca para o governo, o pupilo abandonou o mestre e partiu para o lado de Requião – Lerner jamais o perdoou.

Neste ano, com  Lerner em alta, Greca quis no mínimo fazer as pazes, e apareceu de surpresa na casa do ex-tutor com seu vice, Eduardo Pimentel. Um lado saiu dizendo que o encontrou foi mágico. O outro permaneceu mudo.

Dizem que Lerner continuava magoado, o que ficou mais claro quando sua filha Ilana foi às redes sociais desancar Greca por ter usado o nome de sua falecida mãe num debate de campanha.

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Ney quis se aproveitar disso e ser o escolhido de Lerner. Como não conseguiu nada concreto, ficava apenas citando seu nome aleatoriamente. Agora, foi mais longe. Usou o trecho da entrevista. E numa hora em que Greca não tem mais tempo de tevê para mostrar Lerner desmentindo o apoio.

Se isso tem impacto? Difícil dizer. Mas mostra o tipo de artimanha que entra na hora de fechar uma campanha tão acirrada quanto esta.

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