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Reportagem de Taiana Bubniak na Gazeta desta segunda-feira revela que quase R$ 200 milhões foram usados nos últimos anos para reformar ou construir prédios para órgãos da administração pública em Curitiba. Não é o caso de dizer que foi dinheiro jogado fora: embora possa haver questionamentos sobre o bom uso da verba, os prédios ou as melhorias estão lá, algo se fez. Mas há algo estranho nisso tudo.

Para que serve a administração pública? Essa é a pergunta a ser feita. E a resposta, obviamente, não pode ser melhorar as condições de trabalho dos próprios administradores públicos. Se eles estão lá, é para fazer coisas pela população em geral: fazer obras, garantir direitos, e inclusive fazer com que o dinheiro arrecadado tenha bom uso. Mas há um estranho privilégio para o meio, enquanto o fim muitas vezes fica em segundo plano.

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Há no Brasil a cultura do Palácio. Temos o Palácio da Alvorada, o do Planalto, e até um Palácio para o vice-presidente, o Jaburu. Temos o Palácio local, do Iguaçu, e outros palaciozinhos a seu redor, como o das Araucárias. A prefeitura saiu do Paço da Liberdade para o Palácio 29 de Março. A Câmara fica no Palácio Rio Branco. Tudo faz crer que vivemos numa aristocracia, ou pior, numa oligarquia, em que os eleitos (não só no sentido democrático) têm acesso ao tapete vermelho, ao mármore e a serviços que contrataremos por meio de nossos impostos.

É lógico que ninguém quer que se governo o estado de uma casa de pau-a-pique nem que o Tribunal de Justiça funcione em uma cabana de adobe. Imagem é importante. Os funcionários públicos também são filhos de Deus e merecem algum conforto. E quem visita alguns prédios da gestão local sabe o quanto há falta de espaço mesmo para o mínimo: no Tribunal do Júri, por exemplo, parece que você está o tempo todo dentro de um elevador – em algumas salas, o aperto chega a ser constrangedor.

Mas gastar mais R$ 40 milhões para dar conforto aos conselheiros do Tribunal de Contas, convenhamos. O Judiciário, onde o dinheiro flui como maná, pensa em gastar R$ 79 milhões em mais um prédio de cristais e granitos. E enquanto isso os que bancam toda a festança continuam esperando para ver tudo isso melhorar suas vidas. Afinal, como se disse, tudo isso era para ser um meio, não um fim em si.