O Primeiro Comando da Capital já sobrevive há dezesseis anos no Paraná. Chegou no governo de Jaime Lerner, passou oito anos durante a gestão de Roberto Requião e agora resiste tranquilamente a seis anos de Beto Richa.
A primeira vez que a facção botou os pés em presídios paranaenses foi em 2001, quando José Márcio Felício, o Geleia, foi removido para Piraquara junto com alguns outros presos da facção. Logo em seguida, o terror começou: uma rebelião quase destruiu a PCE e terminou com quatro mortes: três presos e um agente penitenciário.
Depois disso, a facção foi fincando raízes com base na total desestruturação do sistema penal. Como a comida é ruim, os agentes acabam deixando que os presos recebam comida de fora. Quem manda? Às vezes, a família. Em outras, a ajuda é do PCC.
Quem precisa de advogado, pode arranjar: com quem? Com o PCC. A Defensoria Pública seria um belo meio de reduzir esse problema, dando defesa gratuita para todos os que precisam, sem que eles precisem apelar a fontes externas. Mas o governo cortou o orçamento da Defensoria, que continua pequena e sem capacidade de atender a todos.
Se as celas fossem para poucos presos, não era preciso negociar espaço com os donos do território. Mas as celas são superlotadas. Se o governo garantisse a vida dos presos lá dentro, ninguém precisaria buscar proteção. Mas a custódia do estado é cheia de falhas e presos são mortos regularmente.
Se houvesse agentes carcerários suficiente para cuidar dos presos, o PCC talvez não tivesse tanta liberdade para se movimentar e fazer o que faz. Mas ao invés de um agente para cada cinco presos, como se recomenda, Piraquara tinha um para cada 60 presos no momento da última rebelião.
Nesses 16 anos, nenhum governo teve a coragem de bater de frente com a facção. Vídeos de 2014 mostram os comandantes fazendo um coro ao ar livre, dentro da penitenciária, sem que ninguém interfira. O futuro do PCC no estado parece promissor.
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