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O governo Beto Richa (PSDB) pode até voltar atrás e manter o Família Paranaense nos patamares de 2014. No entanto, seria enganoso dizer que a previsão sempre foi essa. A nota do governo sobre o tema faz parecer que tudo o que houve sobre o tema foi um mal entendido: pegou-se um “estudo” sobre o tema e entendeu-se que a gestão já estava comprometida com aquilo. Não foi assim.

A explicação do “estudo vazado”, que tem sido usada com certa frequência pelo governo, pode ser verossímil em outros casos. Nesse, porém, há um documento oficial mostrando que o governo não só tinha “estudado” o assunto como tinha chegado a uma conclusão. E tomado uma decisão. Esse documento é o orçamento do estado para 2016.

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Como mostrou o repórter Euclides Lucas Garcia, o orçamento do Família Paranaense em 2015 era de R$ 51 milhões. Em 2016, segundo documento já enviado pela gestão Richa à Assembleia, é de R$ 18 milhões. Queda de 63%.

Inicialmente, o governo alegou que havia colocado parte desses recursos em outras rubricas, deixando sob o nome de Família Paranaense apenas a parte que tratava de pagamento direto aos beneficiários. E disse que os R$ 18 milhões se referiam, especificamente, ao Renda Família Paranaense, que é como o governo chama a transferência direta aos beneficiários.

Até aí, é possível dar o benefício da dúvida ao governo. Ainda que o valor global dessas cinco rubricas tenha caído 16% no período, é possível que os gastos específicos do programa Família Paranaense tivessem crescido.

Entretanto, no dia anterior, o governo havia enviado uma nota à imprensa dizendo, entre outras coisas, que o gasto médio anual com transferência direta aos beneficiários era de R$ 30 milhões e que, com as mudanças posteriormente classificadas como “estudo vazado”, o recurso cairia para… R$ 18 milhões. Ou seja, o valor previsto para o Renda Família Paranaense em 2016 não só é menor que a média de gastos anual, mas é exatamente igual ao previsto no “estudo”.

Voltar atrás depois que uma medida não foi bem vista pela sociedade pode até ser visto como uma decisão democrática. Mas é preciso respeitar os fatos, até porque eles já eram conhecidos por todos, e negá-los não é nem viável nem aceitável.

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Colaborou o repórter Chico Marés.

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