Tem coisas que a gente pensa que não vai viver o suficiente para ver. A prisão de Abib Miguel, o homem forte da Assembleia Legislativa, é uma dessas coisas. Estou em jornal há dez anos. Sempre, desde que comecei, ouço falar de Bibinho como a grande eminência parda de nossa política.
O homem forte de Aníbal Khoury. O cara que conhece a Assembleia como ninguém. O homem que manda na Assembleia como ninguém. O homem que nenhum presidente da Assembleia jamais ousou tirar da diretoria-geral.
Era assim que se referiam a ele. Até pouco mais de um mês atrás. Intocável, inabalável, quase eterno.
E Bibinho caiu. Primeiro, as denúncias. Depois, o afastamento, que logo em seguida virou demissão. Mais: veio o pedido da indisponibilidade dos bens. E, agora, o fundo do poço. A cadeia.
Não se sabe ainda qual foi exatamente o motivo de o Ministério Público solicitar a prisão preventiva. Só faz sentido se eles tiverem descoberto alguma tentativa de acobertamento de provas. Isso será dito numa entrevista coletiva ainda hoje.
Até agora, Bibinho estava afastado e não parecia que haveria novidades. A indisponibildiade de bens já pressupões algum novo movimento do acusado: tentar vender bens ou repassá-los adiante para não ter o que perder, em caso de condenação. A prisão, mais ainda.
Só espero que a prisão não venha sob a explicação de que era necessária para atender “o clamor popular”. Seria o primeiro deslize numa investigação até agora bem feita e inteligente sobre os desmandos na Assembleia.
PS: Não resisto ao comentário. Tenho de elogiarn os quatro repórteres que começaram tudo isso. Karlos Kohlbach, Kátia Brembatti, James Alberti e Gabriel Tabatcheik foram os responsáveis por revelar toda essa trama. Escreveram seu nome na história do jornalismo e na história da política do estado.