Muita gente chiou contra a proibição imposta por Trump a cidadãos de sete países que passaram a ser proibidos de entrar nos EUA. As celebridades de Hollywood espernearam, a imprensa denunciou, a militância dos Democratas berrou. Mas fora a Justiça, que pode cortar o mal pela raiz, a oposição mais séria que Trump enfrentará acaba de colocar a cabeça para fora: são as grandes empresas.
Um manifesto de empresas, principalmente da área de tecnologia, foi entregue à Justiça. A lista de signatários inclui algumas das mais poderosas empresas do Vale do Silício, dos Estados Unidos – e do mundo.Estão lá Google, Twitter, Facebook, Netflix, Apple, Microsoft e Intel, só para citar algumas das mais conhecidas.
Segundo o índice do Vale do Silício, em 2016 os estrangeiros representavam 37,4% da mão-de-obra dessas empresas. Ou seja: mais de um em cada três funcionários dessas gigantes que fazem a economia americana girar e ser a mais inovadora do planeta vêm de outras nações.
A migração é um fator relevante na inovação dos EUA. E para as empresas americanas se manterem na ponta, elas sabem que vão ter de recrutar mão-de-obra onde ela for mais especializada, criativa e barata. Os princípios do capitalismo clássico iriam contra uma solução que levasse em conta critérios geográficos para decidir quem contratar. E certamente a maior parte dessas empresas não vai aceitar de cabeça baixa que Trump as torne menos competitivas, menos lucrativas.
Os liberais, desde Adam Smith, sempre insistem que o capitalismo é um fator redutor de preconceitos. Milton Friedman sempre dizia que para o empresário tanto fazia se quem fazia o pão era judeu ou muçulmano, americano ou latino: o que o freguês quer é pão bom e barato.
Agora, resta ver se Trump irá comprar briga com o Vale do Silício inteiro. É muito mais difícil do que comprar briga com a militância do Partido Democrata.
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