O movimento Agora!, que ficou conhecido por esses dias pela entrada de Luciano Huck, tem um evento marcado para Curitiba neste fim de semana. É algo chamado “Escuta Curitiba”. Fundadores do movimento participarão de um evento com nome que mais lembra os tempos em que se acreditava na Era de Aquarius: um “Congresso da Felicidade”.
O “escuta” é uma das ações que o movimento vem fazendo pelo país. Recém-criado, o grupo reuniu gente (normalmente com belos currículos saídos da elite, o que até causa um certo constrangimento interno) de várias áreas e se pretende renovador. Quer mudar o país (quem não quer?) tanto por meio de ações eleitorais quanto por caminhos menos convencionais.
O Congresso da Felicidade decididamente entra na conta dos meios menos convencionais. “Queremos escutar a sociedade, saber o que as pessoas pensam”, diz Diogo Busse, um dos fundadores paranaenses do grupo – e que participará do congresso neste fim de semana.
Que bicho é?
Mas o que é o Agora, afinal de contas? A entrada de Huck, que anda aparecendo nesses tempos estranhos como presidenciável, fez parecer que se trata meramente de uma plataforma para campanhas eleitorais com aval de gente chique, elegante e sincera. Busse não nega que há pretensões eleitorais. Aliás, ele mesmo é candidato.
O grupo, porém, diz que não é só isso. O importante, segundo eles, é fazer as pautas darem certo.
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As pautas são genéricas. E há motivos para isso. “Reduzir as desigualdades”, por exemplo, é um dos objetivos. Mas o grupo jamais entra em questões mais espinhosas como decidir se é ou não o caso de cobrar imposto sobre grandes fortunas. Porque isso cria divisões. E o negócio do Agora é tentar achar pautas mínimas que juntem gente de todo lado.
Parece ingenuidade. E pode ser. Mas Busse jura que não. “Olha, a gente quer ficar longe de radicalismos. Política é isso, é encontrar meios termos que possam atender interesses de divergentes. E nesse tempo que estamos lá, já vi empresários e gente de causas trabalhistas concordarem sobre questões de reforma na CLT. Não é impossível. Temos que procurar essas possibilidades”.
No Paraná, o grupo deve ter pelo menos dois candidatos. Busse, a federal. E Natalye Unterstell a estadual. E cada um poderá sair por um partido. Há gente que foi ligada ao governo Dilma. E tucanos dos quatro costados. Há gente da Rede e do PPS. Uma espécie de Arca de Noé.
Sem radicalismos
A ideia é enfrentar, com a possível ingenuidade, o outro risco, que o grupo vê como mais grave: o fanatismo e a polarização. Uma corda bamba que não parece promissora. Mas em que eles dizem acreditar piamente.
O elefante na sala para o Agora é Luciano Huck. Desde que o apresentador entrou, só se fala nisso. Um dos fundadores, irritadíssimo, saiu batendo os pés e falando como se precisasse muito ir ao Congresso da Felicidade.
(Curiosidade: há vários espiritualistas no grupo, e às vezes todo mundo faz um minuto de meditação, olhinhos fechados, antes de partir para o debate sobre a solução do Brasil.)
Huck é maior que o movimento, e todo mundo sabe disso. Antes dele, o grupo tinha oitenta ímãs de geladeira chamando as câmeras. Agora tem um eletroímã gigantesco, que sugou toda a mídia para dentro do processo. E todo mundo querendo saber se o homem é candidato.
“Essa é uma questão dele. Não estamos trabalhando para ele, nem é nosso propósito. Temos uma pauta e ele parece ter aderido genuinamente a esses pontos”, diz Busse.
Em todo caso, Huck não vem a Curitiba no Congresso da Felicidade. Estará, no mesmo momento, apresentando seu Caldeirão.
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