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O dia em que Greca e Requião se acusaram de ser mafiosos

Rafael Greca em sua sabatina à Gazeta do Povo falou sobre sua relação com o senador Roberto Requião. Hoje, são só amores. Mas no passado…

Para lembrar como eram as relações entre os dois, o blog foi recuperar no arquivo do Senado o dia em que Greca, como ministro do Esporte, foi ao Congresso falar sobre bingos.

Estava no meio de uma investigação sobre as atividades dos donos de bingos. E, no Senado, se confrontou com Requião. Veja alguns trechos do confronto do dia 18 de novembro de 1999:

Requião fala:

“(…)Ontem, na Comissão de Assuntos Sociais, o Ministério Público Federal anunciou a sua disposição de amanhã indiciar o Ministro Rafael Greca por formação de quadrilha e uma série de outros crimes.

Estamos aqui, numa espécie de reunião da Academia Brasileira de Letras, discutindo amenidades. O fundamental é que uma Comissão Parlamentar de Inquérito quebre os sigilos. A acusação é de formação de caixa 2 para uma futura candidatura ao Governo do Paraná ou para qualquer outra coisa. (…)

A máfia entrou no Brasil, mas não começou no Ministério do Sr. Rafael Greca. No entanto, avidamente tomaram conta do esquema e redigiram a Portaria nº 23, que o Sr. Manoel Tubino foi forçado a assinar. (…)”

O que Greca respondeu:

“Máfia italiana, camorra, narcotráfico, lavagem de dólares no exterior, mudança de famílias da cidade natal para o exterior?

Esse não sou eu Senador Requião! Esse é o opositor que V. Exª imaginaria ter, que V. Exª adoraria ter! Mas não vou cansar o Senado com questões do Paraná. Vou lhe responder tudo na Justiça do Paraná e nos palanques do Paraná. Aguarde-me!”

Requião volta:

“Não. V. Exª vai responder aqui e agora, Ministro.”

Greca retoma:

“Vou responder, sim, senhor. O opositor que S. Exª, o Senador Roberto Requião, deseja não é o Ministro que eu sou.

(…) Agora, peço desculpas também a todos os 23 milhões de oriundi que fazem parte da valorosa e brava gente brasileira e a todos os nossos imigrantes por essas ilações trágicas do Senador Roberto Requião, de profundo desrespeito à contribuição da Itália à civilização ocidental.

Revolta-me, até o íntimo da minha alma, que, à luz do renascimento, do pensamento clássico, da maravilha do Evangelho e da religião, a beleza da Itália seja reduzida ao sórdido mundo desse homem triste, muito triste, porque vive só em convívio de personagens terríveis, que ele imagina a cada ocasião.”

Requião e a palavra proibida:

“O Ministro perdeu o eixo e mentiu “……………….” ao Senado da República.”

Antonio Carlos Magalhães, presidente do Senado, intervém:

“Peço à Taquigrafia que retire a expressão imprópria do Senador Roberto Requião.”

Requião insiste:

“Retire a expressão “………………”, porque a mentira eu mantenho em qualquer circunstância e vou prová-la.

(…) O importante é que, sem esses arroubos pseudoliterários, essa defesa emocionada da máfia italiana, precisamos aprofundar a investigação sobre esse processo. Cem mil máquinas foram introduzidas no Brasil. A introdução dessas máquinas começou antes de o Ministro assumir o seu cargo, mas o Ministro foi o instrumento ou o partícipe da venda de uma medida provisória, comprada pela máfia e enviada por ele à Casa Civil da Presidência da República. A outra opção surgiu depois da ação do Ministério Público Federal, porque, até então, o Ministro defendia a regulamentação do jogo, tratado como uma situação implantada definitivamente na sociedade brasileira. E temos de levar a sério esse problema.

O Ministério Público Federal e a Polícia Federal já conseguiram provas suficientes nos interrogatórios, e o que precisamos, num gesto de coragem do Ministro, seria agora, para demonstrar com clareza que de nada tem medo, o apoio a uma Comissão Parlamentar de Inquérito que lhe quebre imediatamente os sigilos telefônico e bancário, bem como o dos auxiliares do Ministério que redigiram na Conab e em outros lugares a medida provisória que S. Exª, o Ministro Rafael Valdomiro, entregou ao Presidente da República, que, por sua vez, foi vendido à máfia italiana. Se isso não é sério, não sei o que é sério.”

Greca encerra:

“Só gostaria de dizer, Sr. Presidente, que não sou da Cosa Nostra; sou da Terra Nostra. Essa é a minha novela. A desse homem triste é a Cosa Nostra.”

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