Pedro Simon, ao registrar a candidatura de Requião à Presidência, fez um longo discurso no Senado. Elogiou a coragem do ex-governador e disse que o PMDB é o único partido brasileiro que irá entrar para a história.
Falou que se mede a competência de Dilma pelo que era o governo Lula na época de Jsoé Dirceu (à beira do impeachment, segundo ele), com o que é hoje (infinito do prestígio e da credibilidade do Brasil, ainda segundo ele).
Elogio Serra (disse que é difícil achar alguém mais sério no PSDB) e Marina (que seria quixotesca como ele. Mas diz que o PMDB, com o tamanho e a história que tem, precisa de um candidato.
Leia abaixo a íntegra do discurso:
Sr. Presidente, agradeço a gentileza a V. Exª, mas preciso fazer uma comunicação urgente.
É que, há poucos instantes, há dez minutos, na Presidência do PMDB, entregamos o registro da candidatura do Sr. Roberto Requião de Mello e Silva à Presidência da República pelo PMDB. Estes são os termos do requerimento, Sr. Presidente:
Senhor Presidente,
Ao saudá-lo cordialmente, na condição de Presidente da Comissão da Executiva Estadual do PMDB do Rio Grande do Sul, e em nome da vontade soberana da grande maioria dos filiados do Partido, que – em consulta realizada pela Fundação Ulysses Guimarães e em Congresso Estadual realizado pelo PMDB gaúcho na cidade de Capão da Canoa, em 31 de janeiro passado – manifestou-se favorável à candidatura própria à Presidência da República, venho, na forma da lei, respeitosamente, requerer o registro do nome do ilustre companheiro Roberto Requião de Mello e Silva, cujo currículo político e de administrador dispensa maiores apresentações, para concorrer, na Convenção Nacional convocada para o dia 12 de junho próximo, à indicação do PMDB como candidato à Presidência da República.
Isso posto, certo do acolhimento de minhas solicitações, desde já, firmo meus agradecimentos e coloco-me à disposição do ilustre companheiro.
Saudações Peemedebistas,
Pedro Simon,
Presidente do PMDB do Rio Grande do Sul.
O ofício é endereçado a S. Exª o Deputado Michel Temer, Presidente da Comissão Executiva Nacional do PMDB. Em anexo, mandamos o seguinte ofício:
Curitiba, 2 de junho de 2010
Ao Deputado Michel Temer, Presidente Nacional do PMDB.
Sr. Presidente,
Por meio desta, autorizo o Senador Pedro Simon a inscrever e sustentar o meu nome como postulante à indicação como candidato à Presidência da República, pelo PMDB, na Convenção Nacional do Partido, no dia 12 de junho de 2010.
Roberto Requião de Mello e Silva.
Portanto, Sr. Presidente, está oficializada de nossa parte a candidatura de um candidato nosso à Presidência da República, que é o Governador Requião. Temos o recibo que a querida Secretária da Executiva Nacional nos apresentou e pedimos que sejam anexados, se V. Exª autorizar, esses dois documentos.
Acredito, Sr. Presidente, que, dessa forma, o quadro dos grandes partidos praticamente está completado. Digo e repito que temos o que há de melhor do PT nos quadros do Governo: a candidata a Presidente da República, a ilustre Ministra Dilma. Acho que ela é o retrato do que há de melhor no Governo do Presidente da República Lula da Silva. Se a gente quiser fazer um paradigma e perguntar quem é Dilma, basta fazer uma análise do que era o Governo do Dr. Lula quando do anterior Chefe da Casa Civil e o que é agora. Com o anterior Chefe da Casa Civil, o Governo Lula estava à beira do impeachment. O debate que havia aqui, fruto do mensalão, era o de quando haveríamos de fazer o impeachment. Hoje, o Governo Lula está à beira do infinito do prestígio e da credibilidade no Brasil e no mundo.
Tenho dito e repetido que acho muito difícil, no campo da oposição tradicional, uma candidatura mais certa, mais positiva e mais concreta que a do Governador Serra. Penso que o Governador Serra é uma das pessoas mais competentes, com exercício de autoridade, de luta, de garra, de vontade. No Governo de Montoro, ele já marcou, pois se dizia que, na verdade, o Montoro era o presidente parlamentarista e que ele era o executivo. Nos vários cargos que assumiu, pudemos ver que se tratava de um homem da maior capacidade. É muito difícil, no PSDB, encontrar-se um nome mais competente, mais correto, mais atuante do que o do Governador Serra.
No terreno da utopia, no terreno do sonho, no terreno até do Pedro Simon, meio Dom Quixote, não há melhor do que a Drª Marina, que, pela pureza, pela grandeza, pela profundidade do seu sentimento, é realmente a grande candidata da sociedade brasileira.
Sr. Presidente, o velho PMDB de guerra é um Partido de grandes lutas e de grande história, é um Partido que tem grande biografia atrás de si, é um Partido que lutou nas horas mais dramáticas e mais difíceis à frente do povo brasileiro. Não tenho dúvida, Sr. Presidente, de que a história dos partidos políticos brasileiros é muito triste, é muito pequena, é muito ínfima. Não digo isso comparando os nossos partidos com os da Inglaterra, com os dos Estados Unidos, mas os comparando com os da Argentina, do Chile e até do Paraguai, onde os partidos são tradicionais, têm história, têm mais de cem anos, duzentos anos. No Brasil, não se tem quase nada. O único nome de um partido político que a história vai mostrar, que vai ficar para a sempre, é o do PMDB. Foi o PMDB que viveu com o povo brasileiro as páginas mais bonitas da história do Brasil, que foi exatamente a luta pela resistência, quando uma ditadura militar vinha para durar in aeternum, sem uma bala, sem um derramamento de sangue, com o povo nas ruas.
É esse PMDB que apresenta a candidatura de um companheiro que tem tudo para ser um grande nome, pela sua biografia: por três vezes, foi Governador do Paraná, com três governos excepcionais; foi grande e excepcional Prefeito de Curitiba; viveu os momentos mais bonitos da história desta Casa. Na CPI em que discutimos o sistema financeiro, ele teve a coragem de fazer denúncia em torno de gente importante, inclusive no campo da oposição, de líderes dos mais importantes. Aqui, denunciamos os banqueiros, a classe mais significativa, na presença de Requião como nosso grande representante. O registro de sua candidatura é um registro natural.
Um Partido que tem nove Governadores, que tem o maior número de Senadores, que tem o maior número de Deputados Federais, que tem o maior número de Deputados Estaduais, que tem o maior número de Prefeitos, que tem o maior número de Vice-Prefeitos, que tem o maior número de Vereadores, que tem o maior número de filiados e que, na última eleição, fez seis milhões de votos – ou seja, mais do que o que obteve o segundo lugar –, esse Partido não pode aspirar a uma candidatura a Presidente da República?!
No mundo inteiro – no mundo inteiro, Sr. Presidente! –, quando a eleição é feita em dois turnos… Agora, inclusive, aconteceu isto na Inglaterra: o Partido Trabalhista perdeu a hegemonia de não sei quantos anos para o seu maior adversário, o Partido Conservador, mas não se fez a maioria. Na hora da composição no segundo turno, na hora da composição, o que aconteceu? O Partido Conservador se uniu aos partidos liberais, que estão muito mais próximos dos trabalhistas do que os conservadores. Mas fizeram um entendimento. É o normal aqui. Vamos fazer o primeiro turno. O segundo turno, vamos ver. Primeiro, vamos ver quem vai para o segundo turno. E, entre os que forem para o segundo turno, vamos fazer o entendimento.
Por isso, é natural o que estamos fazendo. Andando pelo Brasil, a Fundação Nacional Ulysses Guimarães fez uma pesquisa em todos os Estados. Nessa pesquisa que a Fundação Ulysses Guimarães fez com as Lideranças do PMDB em todos os Estados, verificou-se que 24 Estados defenderam a candidatura própria do PMDB à Presidência da República. Isso é natural.
Espero que, na convenção, possamos votar essa moção. Há quatro anos, não saiu a convenção. Chegamos a fazer uma prévia para escolher qual era o candidato, mas, na hora de fazer a convenção, não houve quórum, e não saiu a convenção, tanto que o PMDB não teve candidato a Presidente ou a Vice nem apoiou um candidato. O tempo da televisão do PMDB, na eleição passada, foi distribuído entre os demais partidos.
Espero que, nessa convenção, essa moção seja votada. Não sei, mas acho muito difícil que, numa convenção democrática, livre e tranquila, com voto secreto, essa moção não seja aprovada, que se prefira outra candidatura a essa. Até acho que outra candidatura pode ser discutida, pode ser debatida, um mês depois, quando chegar ao segundo turno. Mas, no primeiro turno, é essa a ideia.
Para que isso não fique no ar, para que não se fique naquela história de “falaram, falaram, mas não fizeram nada” é que eu, agora, estou fazendo isso. Era para fazer isso – e eu pretendia fazer isso, Sr. Presidente –, porque, aqui, poderia estar o PMDB de Santa Catarina, o PMDB do Paraná, o PMDB de São Paulo, o PMDB de Pernambuco, o PMDB de Mato Grosso do Sul, vários PMDBs e diretórios estaduais, que poderiam assinar isso. Mas, para evitar esse debate de quem tem mais e de quem tem menos e de se buscar assinatura, preferi fazer somente o do Rio Grande do Sul. Outros, se quiserem, poderão apresentar. Mas preferi fazer só o do Rio Grande do Sul, embora eu tivesse a certeza de que uma dúzia de Estados teria assinado, para se fazer essa apresentação. Mas prefiro fazer uma primeira monogâmica, uma só, para caracterizar o que queremos fazer. Não queremos demonstração de força neste momento, não queremos demonstrar o que somos nem quantos somos. Queremos apenas fazer o registro. O registro está feito.
Agora, o Partido vai ter a autonomia, a liberdade e a independência de fazer sua votação livre. Não queremos confronto nem debate. Queremos respeito recíproco com a Executiva, com os outros membros, com os que pensam diferente. Mas o mínimo que a gente pode querer é que o velho PMDB tenha o direito de apresentar seu candidato.
É por isso que, em nome do PMDB do Rio Grande do Sul, com a tolerância e gentileza de V. Exª, faço esse registro e peço que conste nos Anais da Casa o registro das candidaturas do PMDB.
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