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O fenômeno Marina; o fenômeno Plinio

Desde o começo da eleição, todo mundo sabia. A eleição para valer, para ganhar, seria entre Serra e Dilma. Os dois têm o que é necessário para vencer uma eleição: líderes regionais (inclusive coronéis), dinheiro e tempo de tevê.

Mas acabou que dois outros candidatos a presidente acabaram chamando a atenção. Mesmo não tendo apoios regionais, tanto dinheiro nem muito tempo de tevê, Plinio e Marina fizeram a diferença.

Em parte, porque os dois, em razão da lei brasileira, têm direito a participar de debates e entrevistas na tevê. Mas não é só nisso.

Plinio tem o dom do orador, antes de mais nada. Seu discurso no fim do debate da Globo, que terminou com um sonoro “Viva o Brasil”, foi capaz de comover mesmo gente que não pensa em nada como ele. Pela pura paixão que ele demonstra ter pela vida pública.

Plinio também teve o papel de fazer os outros candidatos parecerem mais iguais entre si do que eles gostariam de admitir.

Marina teve outra função. Sem os radicalismos de Plinio, foi, pelo contrário, a candidata que tentou levar a discussão para o caminho do bom senso.

Enquanto Serra e Dilma tentavam cada um fazer parecer que o outro era sinônimo do fim dos tempos, Marina fez o delicado papel de mostrar que ambos tinham problemas, mas que também eram menos maus do que poderia parecer.

Defendeu avanços de Fernando Henrique Cardoso (e é claro que houve avanços) e de Lula (e é igualmente claro que houve). Mas falou o óbvio: que é preciso ir adiante.

Sem Plinio, e principalmente sem Marina, a eleição teria sido uma chatice. Teria sido menos passional. E menos racional. Teria sido um acúmulo de propagandas enganosas e de ataques de parte a parte.

Que bom que, mesmo sem chance de ganhar, os dois estavam lá.

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