A essa altura parece inquestionável que houve um problema nas contas de depósitos judiciais do Paraná. Alguém sacou indevidamente dinheiro de terceiros: disso não há dúvida, e a prova são as dezenas de casos de pessoas procurando a OAB para registrar as queixas. São advogados que viram o dinheiro de seus clientes evaporar das contas antes que eles pudessem sacá-lo. O governo do estado de início negou que tivesse pegado o dinheiro. Agora, segundo matéria do repórter Euclides Lucas Garcia, diz que até pode ter embolsado algo a mais, mas sem querer.
Sendo assim, existem três questões fundamentais a ser respondidas sobre o caso:
1- Quem sacou a mais? Foi mesmo o governo?
2- Quanto foi sacado a mais?
3- Quem errou?
A terceira é a mais importante para saber a responsabilização. O governo joga tudo nas costas da Caixa. Diz que a gestão pode não ter sido bem-feita, mas que o Palácio Iguaçu certamente não agiu de má-fé. A CEF diz que é impossível haver erro dela, já que o governo e o TJ são os responsáveis por montar a lista de contas a ser sacadas.
Seja quem for que montou a lista, incluiu nomes indevidos lá, e está deixando alguém à míngua enquanto o dinheiro fica no cofre de quem não tem nada a ver com a história.
A pergunta fundamental, no entanto, é saber o tanto que foi sacado. Porque uma coisa é ter passado batido um montante pequeno, que se pareça com o total que o governo podia efetivamente sacar (R$ 150 milhões, aproximadamente). Outra coisa é se o valor passou muito, multiplicando o valor por exemplo, e transformando-o em uma bolada que não tinha como passar despercebida por debaixo do radar.
Certo mesmo, porém, é que tudo isso se deve aos atrapalhos da atual gestão, que gastou demais contando com o empréstimo antes de a galinha botar o ovo, gastou por conta, e agora está tendo de recorrer a todo tipo de fonte estranha para tapar seus buracos. É nessas esquisitices que nascem problemas bizarros como esse: o governo possivelmente tendo metido a mão (ainda que sem querer) na conta alheia. sem autorização.