O Guardian deu um furo daqueles. Provou que Israel tem a bomba atômica. Mais: que tentou vendê-la à África do Sul. E durante o regime do Apartheid! Pesadelo é pouco.
No Brasil, a coisa vai ser mesquinhamente politizada pela imprensa. Lulistas dirão que não há diferença entre Israel e Irã, e que o Irã só é atacado por não ser amigo dos EUA. Os antilulistas reagirão e darão um pau em Ahmadinejad e em Lula, “seu amigo”. Discussão boba.
O debate sério é sobre o poder da ONU, ou de alguém, que está faltando para combater esse tipo de risco. Alguém acredita aí que só o Irã e a Coreia do Norte são o problema? Ou que é só Israel? O que terá acontecido com o arsenal soviético nos anos da derrocada (um belo filme sobre isso é O senhor das armas).
Enquanto não tivermos um poder real, efetivo, multilateral agindo sobre esse tipo de questão, estaremos sujeitos a operações abafa, como a que recentemente protagonizou o nosso presidente.
A reforma do Conselho de Segurança da ONU poderia, sim, ser um caminho. Os cinco países que têm cadeira permanente e direito a veto são os maiores comerciantes internacionais de armas. Há algo errado nisso.
Não é hora de “apequenar” a discussão. Sem Lula errou ou acertou é um detalhe. Precisamos é de um sistema que não dependa de um presidente de um país qualquer saia por aí fazendo acordos para evitar esse tipo de problema.
Reforma da ONU, conversação multilateral, esforço por democracias transparentes, isso sim é sério. O resto é conversa para eleitor dormir.
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