A melhor matéria da imprensa local hoje vem assinada por Denise Paro, repórter da Gazeta do Povo em Foz do Iguaçu. Ela mostra o projeto de lei que permite a regularização de carros que circulam no Paraguai e que têm origem duvidosa.
Os cálculos de uma ong especializada mostram que 200 mil dos 600 mil carros atualmente no Paraguai são supostamente roubados em outros países, principalmente no Brasil. A lei dá um tempo para que os donos, mesmo sem a documentação completa, regularizem seus carros. Isso já foi feito uma vez. Como muitos perderam o prazo, o Congresso Nacional deles quer dar uma segunda chance aos motoristas.
O Paraguai é um dos dois países da América do Sul em piores condições econômicas, ao lado da Bolívia. O país não produz nem sequer um carro. Aliás, a indústria paraguaia praticamente não existe. Não se fabricam nem motos, nem mesmo bicicletas no país.
Se você vai a um mercado em Assunção, os produtos são os mesmos que você encontra aqui em Curitiba – tudo vem da indústria brasileira, ou da argentina, um pouco do Chile. O Paraguai, economica e culturalmente, é ultradependente do Brasil. Assistem à nossa tevê, até.
E no miserê instaurado no país, criou-se esse mercado paralelo, em que os carros são comprados a R$ 3 mil – muito mais em conta do que os importados oficiais.
É preciso lembrar também que fomos nós, brasileiros e argentinos, que levamos o país, em parte, a essa horrenda condição. Destruímos o Paraguai no início da formação do país, 150 anos atrás, e eles nunca se recuperaram.
Agora, temos de proteger nossos carros. Porque a miséria que nossos antepassados ajudaram a criar está cobrando a conta. E sobrou para os carros de nosotros.
