Quem olha os números pode ficar intrigado. De um ano para cá, o governador Beto Richa e sua administração sofreram uma série de denúncias graves de corrupção, algumas mais bem embasadas, outras nem tanto.
Só para lembrar: Richa teve nada menos do que três delações afirmando que o dinheiro que bancou sua reeleição veio de fontes sujas: a Odebrecht disse isso na Lava Jato; um auditor afirmou isso na Publicano; e o dono da construtora Valor relatou um esquema terrível de desvio de dinheiro de escolas para bancar a campanha.
Três fontes diferentes, histórias muito semelhantes. Claro que o governador tem o direito a se defender e pode até ser inocente. Mas o eleitor não só não ficou chocado com isso, aparentemente, como melhorou a nota do governo no quesito combate à corrupção.
Leia mais: Richa tem maior aprovação em dois anos
A nota ainda é pífia: passou de 2,3 para 3,2. Mas o estranho é que MELHOROU.
O tema “corrupção” também mal aparece quando se pergunta qual é o maior problema do Paraná hoje. Fica apenas com 6,7% das respostas, em quinto lugar. Saúde, segurança, educação e desemprego ocupam os primeiros lugares.
E essa é uma primeira pista.
A população pode estar tão preocupada em resolver problemas mais imediatos (conseguir um remédio, uma cirurgia; não ser assaltado no caminho de casa) que nem sequer tem tempo para ficar pensando em abstrações. Nem se dá ao luxo de pensar que a corrupção pode ter alguma ligação com a falta de serviços básicos.
Diga-se o que se disser sobre o Brasil, e mesmo sobre o Paraná, a população ainda é majoritariamente pobre ou de classe média baixa. E precisa do governo para as coisas mais básicas. Mais simples.
Leia mais: Beto Richa chama Operação Publicano de “farra” e “carnaval”
Por isso, mesmo um governo que seja acusado repetidamente de corrupção mas que desse conta de solucionar essas necessidades se daria bem. Talvez seja o que explique a melhora na aprovação de Beto Richa. Na melhor avaliação em dois anos, Richa finalmente tem uma aprovação decente, de 38,7%.
Em 2015, o governador fez uma aposta pesada. Armou uma repressão com bombas e tiros de borracha que apareceu em todas as tevês do mundo. Tirou, literalmente, o sangue da população. Seu cálculo era frio: em três anos, caso isso desse dinheiro para obras e serviços, tudo estaria esquecido e ele poderia se eleger senador. E quem sabe fazer seu sucessor.
É bizarro. Mas parece que funcionou.
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