A brecha definitiva na lei eleitoral. Isso é o que o PSDB parece ter encontrado. Quer dizer, é isso que vai acontecer, se o discurso usado pelo grupo de Beto Richa colar.
Me explico. Ouvi a teoria e me parece muito sensata. Um comitê que defendia a candidatura de Richa foi acusado de irregularidades graves.
O que o PSDB diz? Que aquele era um comitê independente. Assim como outros, trabalhava pró-Richa. Mas não tinha relação oficial com a campanha. Assim, os coordenadores da campanha (e o prefeito, o candidato) não tinham qualquer responsabilidade sobre os atos desse pessoal.
Ora. Se for assim, a lei eleitoral foi por água abaixo. Se você não quiser se responsabilizar por qualquer ilegalidade na campanha, monte uns comitês a mais, dê-lhes o nome de independentes e ponha lá toda a atividade suja que quiser, mantendo o seu comitê “oficial” livre de comprometimento. E pronto! Ninguém mais pode responsabilizar ninguém por nada!
Pela lei brasileira – e ela ainda está valendo, apesar dos esforços em contrário – o candidato é responsável pela sua campanha. Hoje, o pessoal já diz que uma campanha é grande demais, e tenta escapar dizendo que é impossível cuidar de tudo: jogam a culpa num bagrinho e tudo fica bem para os peixes grandes.
Mas essa estratégia nova do PSDB, a dos comitês independentes, é muito mais perigosa. É a anulação de qualquer possibilidade de punição por crimes eleitorais.
Não é pouca coisa.
Bolsonaro e aliados criticam indiciamento pela PF; esquerda pede punição por “ataques à democracia”
Quem são os indiciados pela Polícia Federal por tentativa de golpe de Estado
Bolsonaro indiciado, a Operação Contragolpe e o debate da anistia; ouça o podcast
Seis problemas jurídicos da operação “Contragolpe”
Inteligência americana pode ter colaborado com governo brasileiro em casos de censura no Brasil
Lula encontra brecha na catástrofe gaúcha e mira nas eleições de 2026
Barroso adota “política do pensamento” e reclama de liberdade de expressão na internet
Paulo Pimenta: O Salvador Apolítico das Enchentes no RS