O PSDB parece o PT de antes da Carta aos Brasileiros

Mestre Elio Gaspari publicou antes de sair de férias, neste domingo, coluna explicando como a raiva do PSDB contra o PT ainda reelegerá Dilma. Diz ele que a popularidade da presidente caiu após as manifestações mas que a oposição raivosa dos tucanos fez o suficiente para mudar o quadro novamente.

Gaspari tem razão principalmente quando diz que o PSDB hoje vive mais de fazer birra com o atual governo do que de defender projetos próprios. Qual é a grande ideia que o tucanato apresentou recentemente? Aécio Neves disse exatamente por que quer ser presidente? A única resposta audível, no momento, é que ele quer ser presidente por ser “contra tudo isso que está a[í”. Algo assim.

É claro que há o discurso da eficiência. De cobrar menos impostos. De fazer mais com menos. Etcetera. Mas a maior parte do tempo é gasta com achincalhes contra o PT. Sabe o que isso lembra? O próprio PT de antigamente. Aquele de 1989. O do sapo barbudo. O PT de antes da Carta aos Brasileiros. O PT que se ocupava mais em falar do FMI do que de tocar nos pontos que a população queria saber.

Antes de 2002, o PT atuava como um partido destinado a fazer oposição. Fez da crítica o seu instrumento e a sua vocação. Mas a população parecia ver os petistas meramente como aqueles que questionavam o governo. E sabe-se que o povão é mesmo governista: em princípio, a autoridade tem razão e quem questiona é porque não sabe do que está falando.

O PT aprendeu a lição, fez uma cartinha dizendo que não ia tirar nada do lugar, que não se tratava de um grupo radical. Na campanha de 2002, nada de ataques. Só Lulinha Paz e Amor. O PSDB ainda não sabe o que é isso. Com dez anos de oposição, caminha para se tornar o mero contraponto do governo. Como diz Gaspari, a continuar assim comemorarão o segundo lugar em 2014 por terem deixado uma parcela dos eleitores com mais raiva de Lula e sua turma.