O impeachment de Dilma, que parecia muito provável pouco tempo atrás, subiu no telhado. Em política, tudo pode acontecer, e não é impossível que no ano que vem a saída da petista volte a ser cogitada com mais força. Hoje, não parece mais provável.
Isso aconteceu devido a “milagres” de bastidores muito mais do que por méritos reais do governo. A situação econômica do país não melhorou, pelo contrário: as previsões de inflação e de recessão se agravam. O PT também não conseguiu comprovar a inocência de seus líderes em relação aos escândalos de corrupção apurados pela Lava Jato. Pelo contrário: as condenações e prisões continuam se seguindo e sem ser revertidas nas instâncias superiores.
O que aconteceu foi basicamente uma imensa operação abafa. A presidente da República estava em situação difícil. Mas os dois homens que poderiam se encarregar da análise de seu impedimento também estavam. Renan Calheiros foi o primeiro a ceder ao governo e a seus charmes. Eduardo Cunha fazia o jogo contrário, apostando em surfar na crise de Dilma e se tornar maior no jogo político. Não funcionou.
Não funcionou porque Cunha tinha mais provas contra ele do que qualquer outro dos envolvidos no primeiro time de Brasília. Contas na Suíça, delatores falando em milhões, mentiras na CPI. A oposição, que o bancou esperando espetar Dilma com isso, precisou recuar: não exatamente por ética (todos sabiam de quem se tratava) mas por pudor, para não se associar formalmente a um tipo rejeitado por oito em cada dez brasileiros.
Ser oposição tem isso: você pode prescindir dos apoios agora e buscá-los só na eleição. O PT não tem essa “sorte”. Na situação em que estava, sem o apoio, ainda que tácito, de Renan e de Cunha, Dilma poderia muito bem ir para as cucuias. E o partido optou, mais uma vez, pela solução pragmática. Justamente aquela de que vem sendo acusado – fazer de tudo para seguir no poder.
Com isso, o petismo acrescenta mais um peso à sua lista de culpas. Sai do impeachment, cai no esquema de aliança com Renan e Cunha. Livra a presidente de um impeachment, mas não é impossível que a coloque em mais uma futura CPI. Essa, para apurar como se evitou o impeachment em 2015.
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