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O risco de deixar que os pobres paguem pela crise

A economia é feita de expansões e retrações. Não se conhece exemplo no mundo de país que tenha sempre crescido, embora às vezes seja possível manter o crescimento por longos período. Ou seja, a famosa frase de Benjamin Franklin de que as únicas certezas são os impostos e a morte poderia ter um acréscimo: haverá crises econômicas periódicas.

O que a economia tenta responder ao longo dos tempos é como enfrentar esses períodos difíceis. Como preveni-los, na verdade, seria o ideal. Mas isso, pelo menos por enquanto, parece impossível. Entre as respostas para corrigir a crise estão a da austeridade (diminuir o peso do governo para o cidadão, reduzindo impostos e liberando dinheiro para a economia real); e a das medidas “contracíclicas” (usando o dinheiro do governo para impulsionar a economia, mesmo que haja déficit).

No Brasil, o Congresso e os governos (tanto o federal quanto o dos estados) andam bolando uma opção intermediária. Um híbrido que reúne o pior das duas soluções. No Paraná, o exemplo é nítido: aumentaram-se impostos, acrescentaram contribuições e usou-se dinheiro parado da Previdência – tudo para aumentar o caixa do governo. Mas, ao invés de usar isso para fazer ação social, faz-se o contrário: reduz-se o investimento no social.

O governo paranaense previu, por exemplo, apenas R$ 18 milhões para o Família Paranaense, uma espécie de Bolsa Família estadual, que deixará de atender 80 mil famílias no ano que vem, segundo o orçamento enviado à Assembleia. Isso significa que, apesar de forrar o caixa com aumentos de IPVA, ICMS e da cobrança dos inativos, o governo decidiu usar também o dinheiro do social para equilibrar as contas.

No orçamento federal, a discussão também passou, graças ao relator Ricardo Barros (PP-PR) por uma discussão dupla. De um lado, fala-se em aumentar impostos, com a criação de uma nova CPMF. De outro, Barros propôs o corte de R$ 10 bilhões do Bolsa Família. Novamente, a proposta é que os mais pobres (os que mais dependem do governo) paguem a conta do problema econômico.

A presidente Dilma diz que não deixará haver cortes no Bolsa-Família. Seria uma excelente notícia. O programa tirou dezenas de milhões de brasileiros da miséria, ajudou a tirar o Brasil do Mapa da Fome, é elogiado internacionalmente e tem até resultados menos conhecidos (mas que mostram sua importância) como aumentar a estatura das crianças pobres brasileiras, mostrando que elas estão mais bem alimentadas.

O misto de austeridade (cortando dos pobres) com aumento de carga tributária (aumentando o peso do Estado) parece fadado ao fracasso econômico. No longo prazo, isso afeta a todos nós. No curto prazo, afeta sobretudo quem mais depende do governo. Pois como dizia o sociólogo Betinho, quem tem fome tem pressa.

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