As primeiras denúncias sobre irregularidades na gestão da publicidade da Câmara de Curitiba vieram à tona no início do segundo semestre de 2011. Na época, a Gazeta do Povo mostrou boa parte do que se sabe até hoje: que a empresa vencedora da licitação foi a da mulher de Derosso, Cláudia Queiroz, que o contrato continuou sendo tocado mesmo quando os dois já moravam juntos, o valor gasto…
Agora, dois anos depois, o Nurce resolve fazer uma operação policial na chácara de Derosso, a popular Sapolândia, no Xaxim. Anunciou o fato à imprensa, fez a batida com pompa e circunstância e disse que deve terminar o inquérito até o fim do ano. Não há ilegalidade na operação, ao que tudo indica. Mas, para ser claro: fazer uma operação deste tipo dois anos depois parece ter pouco objetivo além de ganhar as manchetes dos jornais.
Convenhamos: qualquer um que tivesse cometido um ilícito, ao vê-lo descoberto, correria apagar as provas. Na polícia, costuma-se dizer que um homicídio, por exemplo, tem grande chance de ser descoberto nas primeiras 48 horas. Depois, a chance diminui. Imagine dois anos depois, o que sobra para ser visto. Os papéis, se haviam, foram embora. Os computadores já nem devem ser os mesmos. Seria preciso contar com muita ingenuidade de um infrator imaginar que tudo estaria intacto dois anos depois – ainda mais num caso em que o Ministério Público diz ter havido tantas forças poderosas agindo simultaneamente.
A demora em fazer com que as coisas aconteçam não é culpa do Nurce, talvez. Tudo é lento no sistema policial e jurídico brasileiro. O caso de João Claudio Derosso é só mais uma prova disso.