O impeachment da presidente Dilma Rousseff depende de 342 votos na Câmara. Sem isso, não chega ao Senado, onde acontece o real julgamento do pedido aceito nesta semana por Eduardo Cunha (PMDB-RJ).
Hoje, a oposição imagina que não tem esse número. Pelas contas dos tucanos, caso a votação fosse agora, seriam 240 votos pelo impedimento de Dilma – pouco menos da metade da Câmara, composta por 513 deputados.
Esses 240 votos são compostos assim: metade vem dos partidos que são formalmente de oposição e que têm certeza de seus votos. Entram nessa conta PSDB, DEM, Solidariedade e PPS. Os outros cento e tantos vêm de partidos que deverão votar rachados, como PMDB e PP.
Para conseguir os outros cem votos, a oposição imagina que tem basicamente uma arma: a mobilização popular. A ideia seria repetir as grandes manifestações de rua ocorridas em fevereiro e março deste ano para pressionar os parlamentares indecisos.
“A oposição não tem nada para oferecer aos indecisos. O governo sempre tem poder de mobilização, tem cargos. A gente não vai assumir o governo caso a Dilma cia. Então, vai oferecer o quê?”, pergunta o tucano Alfredo Kaefer.
Em tese, os deputados imaginam que o governo tem 100 votos fiéis. Faltariam 71 para garantir Dilma na Presidência. E seria muito mais fácil para o governo conseguir setenta deputados do que para a oposição conseguir 250 além de seus 100 mais fiéis.
A estratégia, portanto, seria vencer não pela negociação, mas pela pressão. Mostrar que quem votar contra o impeachment pode ficar contra seus eleitores. “As mobilizações pelo impeachment já chegaram a botar um milhão de pessoas na rua. E o governo não conseguiu isso”, diz Luiz Carlos Hauly (PSDB).
Por isso, o PSDB passou repentinamente nesta quinta a defender que haja o recesso de fim de ano. Até o meio-dia, o partido queria cancelar o recesso para votar tudo o mais rápido possível. Quando viu que o governo topou a parada, mudou de ideia.
“O governo está sempre pronto para a luta. A oposição e a população, não. Se acabar com o recesso é bom para o governo, a gente desconfia”, diz Hauly.
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