Sabe qual é a reforma política mais necessária no Brasil? A democratização dos partidos. Sabe o que fez a última minirreforma política no Brasil? Tornou os partidos ainda menos democráticos – e colocou nossa pobre República na mão de uns poucos caciques que a maior parte da população sabe quem é.
Pergunte por aí se as pessoas nas ruas sabem quem é Carlos Siqueira. Quem é Ciro Nogueira. Quem é Carlos Lupi. A probabilidade é que a maioria dos eleitores jamais tenha ouvido falar deles – e, no entanto, cada vez mais, são eles que decidem o futuro do país.
Numa eleição quase totalmente estatizada, como a brasileira, o dinheiro flui do cofre público direto para os partidos. E eles decidem como gastar. Sem o financiamento das empresas, são os partidos que resolverão qual candidato bancar – e qual asfixiar.
A situação já era ruim antes. Os partidos sempre tiveram o monopólio das candidaturas no país. Não existe outra instituição que possa lançar nomes – e nem existe a possibilidade da candidatura avulsa. Até para ser vereador do menor município do país você precisa entrar num partido.
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E criar um partido é difícil pacas. Por quê? Porque os partidos são máquinas caras financiadas com recursos públicos. Então foi preciso botar uma barreira. Senão, qualquer um ganhava tempo gratuito na tevê e fundo partidário.
O problema é que a lei, que previu tudo isso, não previu democracia interna nas legendas. E os partidos viraram feudos. Uns poucos sujeitos importantes mandam no dinheiro, decidem tudo e escolhem o presidente. Com a nova reforma, são eles que decidirão como usar o fundo partidário e o fundo eleitoral.
Os candidatos (que desde sempre dependiam dos fulanos para ter seu nome avalizado), agora precisarão lamber as botas dos dirigentes para poder ser viáveis. E isso só centraliza mais ainda o poder.
Sem prévias, sem exigência de democracia interma, estaremos cada vez mais nas mãos dos Lupis da vida. E isso, caso você não tenha percebido, é muito ruim.
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