Da coluna Caixa Zero, publicada nesta quarta-feira, na Gazeta do Povo:
Em tempos de Copa do Mundo, é impossível escrever sobre qualquer coisa sem falar de futebol. Então, que seja. Por coincidência, o Brasil tem hoje exatamente 32 partidos políticos: o mesmo número de seleções que chegaram ao Mundial do Brasil. A diferença é que a lei permite que os “times”, no caso da eleição, combinem desde cedo que vão jogar juntos. Se a proposta for boa para ambas as partes, Camarões e Costa Rica podem juntar os dois times e fazer um mistão para enfrentar a Grécia. Ou como for.
E o que vimos nos últimos dias foi os partidos indo à feira no Paraná. No caso das coligações, o que mais se deseja, porém, nem sempre é reforçar o time com gente de fora. O objetivo, quase sempre, é ganhar tempo de televisão e de rádio para falar com os eleitores. E os principais partidos paranaenses mostraram que são capazes de fazer quase qualquer coisa para conseguir esse objetivo. Em dois casos, rifaram gente com belo histórico na cena local, como Dr. Rosinha e Flávio Arns.
O PT trocou a possibilidade de lançar Dr. Rosinha ao Senado por 27 segundos de tevê oferecidos pelo PCdoB de Ricardo Gomyde. Não se trata de reforçar o time com craques de voto. Gomyde só se elegeu deputado uma vez na vida vinte anos atrás, quando ainda não havia Internet comercial no Brasil e o país acabava de trocar o cruzeiro real pela sua atual moeda. Lógico que o que o PT espera dele não são votos, mas espaço na mídia eletrônica.
Dr. Rosinha já disse que com isso se aposenta da política. Não concorrerá mais a mandatos. Recentemente, o deputado (que ao contrário de Gomyde venceu quatro eleições seguidas para o Congresso), recebeu um elogio torto do eminente André Vargas (ex-petista, hoje sem partido). Em 2011, quando o partido discutia se devia aceitar de volta Delúbio Soares em suas fileiras, Vargas disse que só quem era contra eram as alas mais à esquerda do partido. “O Dr. Rosinha, o pessoal da Democracia Socialista, acho que vai ser contra. O pessoal que nunca fez caixa dois”, disse Vargas num de seus momentos de sinceridade. Pois bem: Rosinha agora está fora.
No Paraná, quem pareceu entender melhor do que ninguém como seria a feira em busca do tempo de tevê foi Ricardo Barros. Antes mesmo de o jogo começar, ele já havia dominado três partidos inteiros. Ficou como presidente do PP, pôs o irmão Sílvio como presidente do PHS e a esposa, Cida Borghetti, como presidente do Pros. Sozinha, a família havia tomado conta de quase 10% dos partidos registrados. São legendas pequenas? Mas no rateio do tempo contam muito. E Beto Richa decidiu que teria de ter o grupo a seu lado. Resultado: o grupo emplacou Cida Borghetti na chapa como candidata a vice-governadora.
Com isso, quem fica rifado no PSDB é Flávio Arns. Sobrinho do cardeal dom Paulo Arns, que combateu a ditadura, e da dra. Zilda, que salvou milhares de crianças com sua Pastoral, o tucano tem toda uma história de trabalho em favor das Apaes e da inclusão de pessoas com necessidades especiais. Também já mostrou que é bom de voto: em 2002, elegeu-se senador, quando ninguém acreditava nele. Mas não há mais lugar para ele na chapa. O PSDB precisava do tempo que os irmãos Barros tinham a oferecer.
E eis o quadro que a lei eleitoral acaba criando. O tempo de tevê se tornou tão importante para a campanha que acaba sendo a baliza para todas as outras decisões. E a reforma política vem? Nem depois da Copa.
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