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Palavra de Papa muda eleição?

O discurso que o Papa Bento XVI acaba de pronunciar a bispos brasileiros, falando sobre a necessidade de os sacerdotes terem atitude política quando questões como o aborto entram em pauta, pode mudar alguma coisa na eleição deste ano?

A pergunta é clara, porque claro é quem pode perder votos com isso. Embora Serra até seja considerado “ficha suja” pelos militantes antiaborto (em função da norma técnica que assinou, regulando o procedimento no SUS), quem foi mais longe em relação ao tema foi o PT. E pagou por isso.

No primeiro turno, já havia padres e pastores dizendo que Dilma perdeu, sim, votos em função da posição que o PT e ela (anteriormente) tinham assumido em relação ao aborto. O Datafolha* afirma que Dilma perdeu 1 milhão de votos só por essa orientação.

Agora, a orientação veio mais de cima. Veio do Papa. E, embora o documento tenha mais a ver com o posicionamento que os bispos devam tomar, há uma mensagem clara de Bento XVI para todos os católicos. Veja o seguinte trecho:

Quando os projetos políticos contemplam, aberta ou veladamente, a descriminalização do aborto ou da eutanásia, o ideal democrático – que só é verdadeiramente tal quando reconhece e tutela a dignidade de toda a pessoa humana – é atraiçoado nas suas bases.

Ou seja: para o Papa, quem defende a descriminalização do aborto é antidemocrático.

O Brasil é um país de maiora católica. Neste domingo, antes de votar, muita gente irá à missa. Os padres reproduzirão a mensagem? Serra irá usar isso no horário eleitoral? No debate da Globo?

Ninguém tem como saber. O PT, de fato, até andou mudando sua postura em relação ao tema. Retirou qualquer menção a aborto do programa de governo. Mas pode ser tarde. O pronunciamento do Papa já veio. E pode ter influência, sim, no resultado do próximo domingo.

* Pesquisa Datafolha de 8 de outubro, que ouviu 3.265 eleitores, com margem de erro de 2 pontos. Registr no TSE número 35.114/2010

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