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Pânico na Assembleia: Bibinho dá a entender que pode falar o que sabe

“Não há o que temer”, foi a frase com que Luiz Carlos Martins (PSD) usou para comentar o fato de Abib Miguel, o Bibinho, ter voltado à cena. Pivô do maior escândalo de corrupção já investigado na história do Paraná, Bibinho está preso. Paga praticamente sozinho por um desvio na Assembleia Legislativa que, segundo o Ministério Público, pode chegar a R$ 200 milhões.

Bibinho ficou décadas na Assembleia. Conheceu todos os presidentes do Legislativo dos últimos trinta anos. Trabalhou com eles, como diretor-geral. Sabe tudo sobre o funcionamento da Assembleia e conhece como cada um governo a Casa. Até agora, não fez nenhuma delação premiada, não falou mais do que a Justiça já sabia. Ficou em seu canto, para alívio de todos.

E, de repente, chega uma carta. Dele. Enviada a Luiz Carlos Martins, mas cuja existência foi tornada pública em plenário nesta quarta-feira. O que quer Bibinho com a carta? O que diz o texto? Quem são os destinatários, além de Luiz Carlos Martins? Há versões diferentes, mas para os deputados parece que, sim: há o que temer.

Cerca de quinze dias atrás, a carta circulou pelo plenário. Mais de um deputado leu o texto. O que se diz é que Bibinho descreve sua situação financeira depois da prisão. Ao longo do tempo, teria ficado sem condições de pagar advogados e estaria até com dificuldades de pagar o tratamento de saúde da esposa. Um deputado que viu a carta disse que parecia se tratar de um apelo.

Bibinho, nesta versão, teria pedido que a carta fosse mostrada aos deputados que estiveram na administração da Assembleia – a famosa Mesa Executiva – nos últimos mandatos. E passa parte do texto falando especificamente de um deles, que já foi presidente e, antes, primeiro-secretário do Legislativo. Seria um recado?

Luiz Carlos Marins, que diz ser amigo de Bibinho há trinta anos, jura que não. Diz que até o teor da carta foi deformado pelos colegas. “Ele jamais falaria de dinheiro. Não que tivesse algo de ilegal nisso. Mas ele vira o trem se disserem que foi isso”, afirma o deputado. “Ele está preso, não tenho como falar com ele diretamente, então ele me manda cartas. Essa já é a terceira, recebi faz uns quinze dias”.

Luiz Carlos Martins diz que o verdadeiro teor da carta tem a ver com “a situação do Brasil neste momento”. “O Bibinho está vendo as coisas e entendendo que pode ter uma participação neste momento do país”, diz. “Mas tem horror à ideia de ficar conhecido como dedo duro.”

Sobre a possibilidade de Bibinho dar entrevistas, cogitada pelo deputado em plenário, Luiz Carlos Martins diz que não tem nada decidido. “Mas o Bibinho não é de dar recado. Se ele decidir falar, fala. Eu, inclusive, acho que ele deve falar. Já dei minha opinião.”

Sobre a possibilidade de muitos deputados perderem o sono com a ideia de uma entrevista de Bibinho, Luiz Carlos Martins tergiversa. “Eles devem estar tranquilos. Tenho certeza.”

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