Por Chico Marés, interino
Na manhã desta quinta-feira, o prefeito Gustavo Fruet (PDT) deu uma entrevista exclusiva para a Gazeta do Povo, na qual comentou, entre outras coisas, sobre as eleições do ano que vem. Na verdade, evitou falar sobre isso: no seu entendimento, quanto mais se antecipar o debate, pior – frase que repetiu cinco vezes ao longo da conversa. Entretanto, ele deixou escapar, pelo menos, uma ideia do que deve ser o discurso: reforçar diferenças de sua gestão com as de Beto Richa (PSDB) e Dilma Rousseff (PT).
“[Nas eleições] Vai sobreviver quem ficar à margem dos escândalos”, disse o prefeito, ao comentar sua baixa taxa de aprovação no momento. Atualmente, Richa e Dilma convivem com denúncias diárias de corrupção envolvendo personagens de seus primeiros governos – o que não acontece na prefeitura, ao menos até agora.
O raciocínio se estende para as políticas de austeridade. “Estamos procurando estabelecer uma postura aqui que está na contramão do que a gente vê em relação ao governo do estado e ao governo federal”, falou sobre os cortes de gastos já no início de sua gestão. “Eles agora estão tomando medidas que tomamos desde o primeiro momento”.
Apesar de seu índice de aprovação aparecer baixo no último levantamento do ParanaPesquisas*, divulgada no início do mês (33%), ele aparece consideravelmente melhor que o governador** (13%) e a presidente** (11%). E mais: na sua leitura, a baixa aprovação não significa uma rejeição pessoal – ou seja, trata-se de um quadro mais fácil de reverter.
Se a estratégia vai funcionar ou não, só o voto dirá. Por um lado, mesmo que não tenha uma boa avaliação, Fruet ainda está em uma posição muito mais confortável (ou menos desconfortável) que Richa e Dilma. Sua desaprovação é mais baixa e menos pessoal. Em outras palavras, as pessoas podem não gostar da gestão de Fruet, mas não desgostam da pessoa – ao contrário dos outros dois, no qual a avaliação do eleitor é bem mais, digamos, passional. Assim, apostar na estratégia do “inimigo dos meus inimigos é meu amigo” pode colar.
Por outro, eles (obviamente) não serão seus adversários diretos. Eventuais candidatos sem uma ligação muito forte com o PSDB ou com o PT podem estar “imunes” à estratégia. É o caso de pré-candidatos como Requião Filho (PMDB), Ney Leprevost (PSD) e até mesmo Ratinho Jr. (PSC) – que, mesmo sendo secretário de Richa, parece não ter absorvido a rejeição do “chefe” pelos números da última pesquisa*.
A entrevista completa será publicada na edição do próximo domingo (18).
*Pesquisa realizada com 830 eleitores curitibanos entre os dias 27 de junho e 1º de julho. Grau de confiança: 95%. Margem de erro: 3 pontos percentuais.
**Pesquisa realizada com 1.344 em 58 municípios do Paraná, entre os dias 20 e 24 de junho. Grau de confiança: 95%. Margem de erro: 2,5 pontos percentuais.
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