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Para Fruet e Richa, greve é questão de saber quem fica com custo político

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Convenhamos: Fruet e Richa só deixaram a situação do transporte coletivo chegar aonde chegou, com milhões de atraso, greve e perspectiva de piora no sistema por um único motivo. Cada um acha que conseguirá fazer o outro sair como culpado da situação.

Se Fruet tivesse certeza de que teria de arcar sozinho com o custo político de uma greve num sistema que afeta a vida de milhões de pessoas todos os dias, dificilmente teria deixado de arranjar o dinheiro para cobrir o que está faltando, ainda que seja muita coisa. Mas, dessa vez, a prefeitura sabe que tem como tentar, pelo menos, dividir esse custo com o governo. Ou de preferência, deixá-lo todo com Richa.

Pensando friamente, não é difícil ver a tremenda participação que o governo do estado tem nisso. Nunca assumiu a responsabilidade pelas linhas metropolitanas que, por lei, são de sua alçada. Sempre ficou tudo ok porque a conta fechava. Depois de uma série de atos irresponsáveis das últimas três gestões, de uma crise econômica e de uma licitação, para dizer o mínimo, desastrada, a conta não fecha mais.

E o que fez o governo estadual? Continua fingindo que o problema não é dele. Inclusive se propôs a reduzir o subsídio dado para manter a integração em dois terços, sob o pretexto pouco crível de que estava pagando demais e que são as linhas urbanas (com trajetos menores e mais passageiros) que dão prejuízo, e não as metropolitanas (com trajetos mais longos e menos passageiros).

A situação toda teria sido resolvida se cada um assumisse de vez a sua parte, separando o pagamento das empresas. Cada um paga a sua. Por que Richa e Ratinho, que comanda a Comec em sua secretaria de Desenvolvimento Urbano, não aceitaram? Porque, assim como Fruet, acham que podem evitar ficar com o custo político.

A população, parece ser o cálculo, sempre associa o sistema de ônibus à prefeitura. E, independente de a culpa ser de Fulano ou Sicrano, quem arcará com o prejuízo moral será o prefeito. Se for assim mesmo, Richa, mesmo “terceirizando a responsabilidade”, para usar uma expressão que ele usou contra Fruet, pode se sair bem. O que não quer dizer que tenha razão. Muito pelo contrário.

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