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Para o PSDB, vão-se os Aécios, ficam os dedos

Aécio Neves. Jefferson Rudy/Ag. Senado. (Foto: )

A carreira política de Aécio Neves (trocadilho não intencional) terminou em 18 de maio de 2017, quando todas as tevês do país mostraram o senador que posava de bom moço mandando os escrúpulos às favas. Num vocabulário capaz de corar Dercy Gonçalves, o tucano pedia dois milhões emprestados.

A gravação, com direito a uma das mais célebres frases da política à la Corleone (“Tem que ser um que a gente manda matar antes de fazer delação”), impede até mesmo o MBL de defender Aécio. Não há boa vontade com o PSDB que permita aliviar a barra do sujeito.

A aceitação da denúncia pelo Supremo Tribunal Federal é só mais um passo rumo ao sepultamento de Aécio. Falta agora o julgamento – depois de um longuíssimo processo penal, como é de se prever -, ao fim do qual, previsivelmente, serão desligados os aparelhos do já então ex-senador.

Para quem acompanhou o áudio de Romero Jucá e Sérgio Machado atentamente, não há novidade. Pegue a sua cópia do plano. Ou procure no Google. Está vendo? Lá no começo, está a lição que cabe a este caso. “Esquece o Cunha, porra. O Cunha está morto”, diz Jucá. Aécio também estava morto. Esquece o Aécio.

Do ponto de vista de quem precisa salvar a própria pele, delimitar tudo onde está, entreguem-se os mortos. Vão-se os Aécios, ficam os dedos.

Raquel Dodge, é preciso lembrar, foi escolhida por Michel Temer mesmo sem ter sido a mais votada para a função. Se ela é parte do Plano Jucá? O áudio em nenhum momento fala “Com a PGR, com tudo.” Morreremos com essa dúvida. Mas o Supremo aceitou a denúncia. Aécio é réu.

Embora isso dê discurso para quem quer ver as instituições funcionando independente de cor partidária, erga omnis, é um prato cheio. Quase conveniente demais. Mas isso pode ser só cinismo. De todo modo, uma coisa é clara: Aécio não é Lula.

Aécio jamais foi presidente. Jamais foi um grande ícone, nem um grande líder. Mesmo dentro do PSDB, o Vasco da Gama das eleições presidenciais, eterno vice, Aécio era só o terceiro nome. Precisou esperar as derrotas de José Serra (duas vezes) e Geraldo Alckmin (uma) antes de poder sofrer a sua.

No Senado, foi um zero à esquerda (diga aí um projeto dele, ou um grande discurso; uma CPI, ou um projeto que ele tenha, no mínimo, relatado…). E agora voltará a seu devido lugar no esquecimento. O que era pó ao pó voltará.

Se o PSDB sobreviverá? Talvez seja mais fácil consultar o senador Jucá. É ele, afinal, quem tem todas as respostas.

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