Roberto Requião (PMDB-PR) foi o segundo paranaense a discursar na votação da admissibilidade do processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff. Apesar de ser colega de partido do vice-presidente Michel Temer, Requião classificou o impeachment como “uma espécie de reverendo revogatório do Congresso, sem previsão na Constituição”. Ele criticou, ainda, políticas de austeridade fiscal – tanto as tomadas por Dilma quanto as planejadas por Temer.
Minutos antes de Requião discursar, Álvaro Dias (PV-PR) defendeu o impeachment e criticou a corrupção no governo federal. Gleisi Hoffmann (PT-PR), contrária ao impeachment, deve discursar somente durante a madrugada.
Discurso
Sobre o impeachment, o senador rechaçou a existência de crime de responsabilidade por parte de Dilma. “[O impeachment] Está previsto na Constituição, mas depende de um crime de responsabilidade. E é evidente que esse crime de responsabilidade não ocorreu. E se tivesse ocorrido, teria ocorrido em 16 estados brasileiros, inclusive no do relator [Antônio Anastasia, de Minas Gerais]. Mas não ocorreu”, disse.
O foco do discurso de Requião, porém, foi uma crítica a políticas de austeridade fiscal. “Dezenas de vezes eu vim a essa tribuna criticar a política econômica do governo federal. Talvez eu tenha sido o único a ser persistente na crítica, anunciando um déficit de entre 3% e 5%, diante do silêncio do plenário”, comentou.
Ele disse que o aprofundamento da política neoliberal é o motivo pelo qual o processo de impeachment foi desencadeado, e que a “utopia neoliberal” dá sustentação ao apoio a Temer. Ele classificou isso como um “desastre anunciado”. “Toda a proposta arquitetada [em Uma Ponte para o Futuro] é uma proposta neoliberal. É a mesma proposta que desgraçou a Europa, que trouxe a crise na Itália, em Portugal, na Espanha, que praticamente liquidou a Grécia”, comentou.
Requião ponderou, entretanto, que Temer é um “conciliador” e que não deve dar prosseguimento em “ideias radicais para encantar o mercado”. Ele criticou, ainda, a proposta de reforma da previdência.
Pausa
Durante o discurso, Requião falou que o Senado teria editado decretos suplementando seu orçamento. O presidente Renan Calheiros (PMDB-AL) interrompeu o discurso para corrigi-lo, e aproveitou para fazer elogios ao Senado. O paranaense aproveitou a ocasião para tirar uma casquinha da Câmara. “Pelo menos não vi ninguém aqui votar pela mãe, pelo cachorro ou pela madrinha”, disse.
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