O Paraná gastou em 2016 aproximadamente R$ 720 milhões com a manutenção do sistema penitenciário. É um número tão fabuloso que torna-se preciso explicar o que isso significa.
O valor gasto com os presídios é muito parecido, por exemplo, com o orçamento inteiro de Ponta Grossa, uma das maiores cidades do estado. Ou seja: some tudo o que Ponta Grossa gasta com escolas, hospitais, postos de saúde, creches, asfalto – tudo isso é gasto com os presídios.
A diferença é que Ponta Grossa tem mais de 300 mil habitantes, o que equivale a 15 vezes a população carcerária do Paraná. Ou seja: para cada real de impostos gasto por uma prefeitura com um cidadão paranaense em liberdade, o governo do estado gasta R$ 15 com um presidiário.
Há quem veja nesses números uma prova de que os presos custam demais porque têm mordomias. Um verdadeiro absurdo para qualquer um que se dedique a saber um pouco sobre a realidade. Por esses dias, a BBC mostrou presso tendo de beber água de vaso sanitário.
O problema é outro, e é óbvio. O Brasil prende demais. A loucura do punitivismo leva a colocar cada vez mais gente num sistema que só as torna piores. O caminho correto parece evidente: penas alternativas para crimes menores, punições que não incluam restrição de liberdade.
Houve pequenos avanços nisso, com as tornozeleiras e as audiências de custódia que têm tirado gente que ficaria desnecessariamente na cadeia. Há mutirões para ver quem já cumpriu a pena toda e está modando na cela sem nem saber o porquê.
É claro que há crimes que exigem restrição de liberdade. Um sujeito reincidente em crime grave, por exemplo. Mas prende-se por qualquer coisa. Prende-se por tempo demais. Prende-se em lugares que são câmaras de tortura, pela simples vontade que temos de torturar essas pessoas.
E isso nos custa nada menos do que R$ 720 milhões, somente em um estado. São 360 creches. Isso resolveria o problema de mais de 50 mil famílias que não tenham onde deixar seus filhos para poder ir trabalhar.
Mas se você acha que o certo é isso mesmo, não reclame: o imposto vai continuar subindo, e quando essas pessoas saírem da cadeia, vão estar inimpregáveis e loucas para se vingar da sociedade que as colocou neste inferno multimilionário.
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