Desde o começo, a batalha pelo impeachment de Dilma confronta dois grupos ideológicos contrários. De um lado, os petistas e seus aliados mais próximos, como o PCdoB. De outro, os partidos de oposição, como PSDB, DEM, PPS e Solidariedade, com apoio subterrâneo de Eduardo Cunha e de Michel Temer.
A briga é para conseguir os votos não-ideológicos. Os votos dos partidos fisiológicos, que vão para um lado ou para o outro dependendo do vento e das promessas feitas. Votos que variam, principalmente, em razão da perspectiva de poder. E, nesta semana, às vésperas da votação na Câmara, os votos desses partidos começaram a sumir da conta do petismo.
Na terça-feira, o PRB abandonou oficialmente o governo. Mais tarde, no mesmo dia, o PP fez o mesmo: em reunião da bancada, de 47 deputados, apenas um quarto insistiu em ficar na base de Dilma Rousseff. “Foi três para um. Um movimento muito claro de adesão ao impeachment. Quando cheguei em Brasília, um ano atrás, o lado governista sempre ganhava. Agora, não mais”, diz Marcelo Belinati (PP-PR)
“A presidente Dilma contava ter 20 desses votos. Depois da decisão de que o partido sairá, terá no máximo sete. A não ser que alguma coisa mude. E em política boi voa”, diz Ricardo Barros (PP-PR), que entregou o cargo de vice-líder do governo após a decisão e anunciou voto pró-impeachment. Pensando que Dilma imaginava ter 193 votos na semana passada, sobram no máximo 180. E ela precisa de 172.
A perda de 13 votos do PP está se somando a outra muito maior: a perda do PMDB por completo. Maior partido aliado de Dilma, o PMDB de Temer e de Cunha estava rachado. Dilma parecia ter conseguido manter pelo menos metade da bancada a seu lado quando conseguiu que Leonardo Picciani fosse o líder. Mas agora o próprio Picciani parece debandar.
“Mesmo quem estava do outro lado agora está vindo para cá. É capaz de o partido acabar fechando questão em torno do impeachment e de todos os votos serem ‘sim”, diz Osmar Serraglio (PMDB-PR). No Paraná, que até recentemente tinha apenas o voto de Serraglio dado como certo para o impeachment, o partido agora imagina que os quatro representantes vão aderir.
Apesar de todas as defecções, os deputados mais experientes dizem que a votação ainda é incerta. “O governo também pode estar ganhando votos. Mas hoje parece que há mais defecções”, diz Ricardo Barros.
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