Imagine que você faça um concurso público para um salário de R$ 4 mil. Em tempos de crise, muita gente mataria para ter uma renda mensal desse tipo. Além do mais, há a estabilidade e todo o resto. Maravilha.
Agora, imagine que esse salário cresça, acima da inflação, 5 por cento ao ano, garantidos (a não ser que você seja pego picotando uma pessoa e enfiando no saco de lixo, por exemplo). Isso é uma regra de juros compostos. Você está tendo aumento real sobre aumento real anualmente – algo que nenhuma categoria tem.
Pois a Câmara de Curitiba está há décadas oferecendo essa regalia, conforme mostrou o repórter João Frey. Para se ter uma ideia, o sujeito do exemplo acima, que entrou recebendo o equivalente a R$ 4 mil, termina a carreira, 35 anos depois, com R$ 22 mil mensais, já descontada a inflação.
Ou seja: o salário da pessoa, ao longo da carreira, sem que ela faça nada de diferente, complete algum curso, mude de nível, é multiplicado por um fator pouco superior a cinco. Isso porque ainda há os quinquênios. E, perto da aposentadoria, o aumento anual é de 10%.
É isso que gera as aposentadorias insanas registradas pela reportagem: um plano de carreiras que mais parece obra de alguém que tivesse recebido o encargo de gastar milhões de reais o mais rapidamente possível com a menor quantia de pessoas beneficiadas.
No fim das contas, hoje a Câmara tem 181 pessoas (insuficientes para encher um biarticulado) recebendo por mês, em média, R$ 17 mil. Somadas, torram R$ 40 milhões por ano dos nossos impostos.
Seria o suficiente para termos um prédio novo da Câmara por ano. Só desde o fim da era Derosso, poderíamos ter construído um novo palácio no Tatuquara, um em Santa Felicidade, um no Boa Vista, um na CIC e um no Bairro Novo com o dinheiro pago a esse pessoal.
Que o presidente Serginho do Posto entenda o recado e faça algo desde já para parar com essa insanidade.
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