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Philip Roth é autor de um dos romances que mais têm sido citados como possíveis bases para entender o horror do governo de Donald Trump. Em “Complô contra a América”, ele imagina que o famoso aviador Charles Lindbergh podia ter sido eleito no lugar de Franklin Delano Roosevelt nos anos 30. Antissemita, Lindbergh estaria no poder justamente no momento da ascensão do nazismo.

Em e-mails trocados com a revista New Yorker, Roth, que é judeu, comentou a possível semelhança do cenário distópico que criou com a situação atual. E disse que Trump parece mais difícil de imaginar como presidente do que Lindbergh. Veja dois trechos das respostas de Roth:

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“É mais fácil compreender a eleição de um imaginário presidente como chales Lindbergh do que de um presidente real como Donald Trump. Lindbergh, apesar da simpatia pelo nazismo e das tendências racistas, era um grande herói da aviação que tinha demonstrado tremenda coragem física e gênio aeronático ao cruzar o Atlântico em 1927. Ele tinha caráter e tinha substância e, junto com Henry Ford, foi, no mundo todo, o mais famoso americano de seu tempo. Trump é apenas uma artista da vigarice. O livro relevante sobre o precedente americano de Trump é ‘The Confidence-Man’, o último e sombrio, ousadamente inventivo, romance de Herman Melville.”

“Eu nasci em 1933, o ano em que F.D.R. tomou posse. Ele foi presidente até eu ter doze anos de idade. Fui um Democrata à maneira de Roosevelt desde então. Achei alarmante ser um cidadão durante os mandatos de Richard Nixon e George W. Bush. Mas, independente do que era visto como suas limitações de caráter ou de inteligência, nenhum deles era nem de perto tão pobre no aspecto humano quanto Trump: ignorante em relação a governo, história, ciência, filosofia, arte, incapaz de expressar ou de reconhecer sutileza ou nuance, destituído de qualquer decência, e munido de um vocabulário de setenta e sete palavras que seria melhor chamar de idiotês do que de inglês.”

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