A grande pergunta a se fazer na eleição presidencial deste ano, pelo menos até o momento, é: por que as denúncias feitas no último mês não derrubaram Dilma Rousseff?
Desde o mês passado, o governo petista vem sendo metralhado diariamente com manchetes negativas nos principais jornais e revistas do país. São denúncias sérias, gravíssimas, sobre a Receita Federal e tráfico de influência em Brasília (capazes até, como acaba de se saber, de derrubar a chefe da Casa Civil, Erenice Guerra).
Ao mesmo tempo, a candidata do PT continua sua caminhada rumo à Presidência sem sofrer qualquer abalo, segundo os institutos de pesquisa.
Fosse Lula o candidato, a resposta talvez fosse mais simples: o carisma do presidente, os oito anos de poder, sua longa trajetória política, tudo contribuiria para contrabalançar as denúncias.
Mas, Dilma? A candidata é uma virtual desconhecida da população. Qualquer rótulo posto nela poderia muito bem colar. Assim como colou o da “Mãe do PAC”, podia colar o da “chefe da Erenice”, ou da “criadora de dossiês”.
Por que, então, Dilma não cai? Pensando de maneira racional, há algumas hipóteses possíveis. Vamos a elas:
1-) O fator Lula
Nesta hipótese, o presidente é tão forte, seu carisma é tão impressionante, que nada derrubaria seu candidato, mesmo sendo o candidato um desconhecido.
Não parece uma hipótese de todo confiável. Há vários casos em que candidatos “lulistas” estão naufragando. Mercadante e Hélio Costa são apenas os exemplos mais visíveis. Marta Suplicy, em 2008, perdeu fragorosamente a eleição.
E é preciso dizer que mesmo nos estados em que os lulistas perdem, Dilma ganha.
2-) Dilma é cativante demais
Ok, essa hipótese não merece comentários.
3-) A população não acredita em denúncias
Essa é a hipótese do “todos são iguais”. Por acreditar que políticos são corruptos por natureza, a população poderia simplesmente descartar toda e qualquer denúncia contra qualquer candidato. Outros critérios pesariam na escolha do governante, mas não a ética.
Há indícios de que essa resposta não é correta. Há vários casos recentes de presidentes que, por denúncias de corrupção, sofreram com a população. Collor é o exemplo que vem à cabeça mais fácil. Mas Fernando Henrique Cardoso e mesmo Lula, no primeiro mandato, sofreram crises de popularidade por denúncias.
4-) A imprensa está em baixa
A população não acreditaria mais nos meios de comunicação. Não parece, nem de longe, ser o caso. A mídia sempre aparece com bom grau de confiabilidade em pesquisas com a população. A enorme maioria assiste à tevê aberta. Os jornais televisivos são sucesso como sempre foram.
Se os meios de comunicação tivessem perdido credibilidade ou importância, o mercado publicitário não investiria bilhões por ano em anúncios em jornais, revistas e telejornais.
5-) É a economia, estúpido!
Neste cenário, Dilma estaria sendo eleita “apenasmente”, como diria Odorico Paraguaçu, porque a economia vai bem. O Bolsa Família, a melhora de renda da população, o crescimento do emprego e a estabilidade da economia seriam as verdadeiras armas da campanha.
Mas, de novo, não bate. Lula ia com a economia de vento em popa em 2006. E precisou de segundo turno para derrotar Geraldo Alckmin (um candidato que logo a seguir perdeu a disputa para a prefeitura de São Paulo…)
Fernando Henrique, em 2002, tinha um situação econômica razoável. E por pouco não consegue loevar seu candidato nem ao segundo turno. Mais do que isso: Serra praticamente escondia o fato de ser apoiado pelo presidente.
6-) N.D.A.
Sendo assim, fica difícil encontrar a resposta. Temos os fatos, mas não a explicação. Será trabalho de casa para cientistas políticos pelos próximos anos. Ou alguém aí sabe o que está se passando.
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