Nelson Justus foi denunciado por diversas irregularidades nos últimos cinco anos. Dificilmente algum deputado estadual paranaense apanhou tanto em público em tempos recentes.
Foi ele o presidente da época dos Diários Secretos – a investigação que mostrou um desvio de pelo menos R$ 200 milhões no Legislativo, segundo o Ministério Público. Agora, está sendo denunciado por inflar o gabinete da presidência com duas centenas de comissionados.
Mesmo assim, nada acontece com Justus na Assembleia. Em 2010, quando vieram a público as primeiras denúncias, ele escapou das punições. Até era mais fácil de entender: ele era o presidente, tinha o poder nas mãos.
Agora, a coisa é diferente. Primeiro, mesmo depois de tudo aquilo e das denúncias formais à Justiça, que fazem dele um réu, Justus continua sendo eleito presidente da CCJ. Já está no segundo mandato como líder da principal comissão da Assembleia.
Vieram novas denúncias, e ninguém quer julgá-lo. Ninguém quer condená-lo. Mas, afinal, por que os deputados gostam tanto de Justus?
Falando com os deputados, surgem algumas respostas:
– Justus é visto como um “bom parceiro”. “Se a mulher de um deputado está com problemas de saúde, algo assim, ele é o primeiro a ajudar”, diz um colega de Assembleia.
– Justus não foi condenado. A aposta dos deputados é que no dia em que houver uma primeira condenação judicial contra Justus, a situação dele se deteriora rapidamente (se é que esse dia virá). Antes disso, dá-se a ele o benefício da dúvida, por assim dizer.
– Justus é “um deles”. O velho corporativismo tem seu papel, claro.
– Justus é visto como “bom presidente”. “Ele conduz uma sessão muito melhor do que o Traiano, por exemplo. Ninguém tem dúvida disso”, diz um parlamentar. Por isso a escolha para a CCJ.
– Justus fez muitos favores. E muita gente é grata por isso. E sabe que deve a ele.
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