Em apenas duas semanas, durante a crise de desabastecimento causada pela greve dos caminhoneiros, os postos de gasolina aumentaram em mais de 100% o lucro por litro de gasolina vendido.
Levantamento da ANP revela que a margem sobre o preço da distribuidora saltou na capital de R$ 0,223 antes da greve para R$ 0,469 no momento de maiores filas nos postos.
O preço na distribuidora também variou, segundo a ANP, passando de R$ 3,84 antes da crise para R$ 3,92. Mas o que mais fez o preço subir para o consumidor foi a política de aumento da margem adotada pelos postos.
O aumento foi registrado no país todo, e chegou a criar margens de mais de R$ 0,90 em outros estados, conforme o blog revelou na sexta-feira.
O Sindicombustíveis emitiu nota dizendo que a margem maior não significa apenas lucro, já que a diferença para o preço da distribuidora é usada para pagar custos fixos. Além disso, o sindicato dos postos afirmou que, como a venda caiu, foi preciso cobrar mais por litro para arcar com as despesas.
Veja abaixo a íntegra da nota:
O Sindicombustíveis-PR, entidade que representa o segmento de postos no Paraná, entende que a análise feita nesta postagem é parcial e induz o leitor a um engano. Mesmo com margem de lucro mais alta, isto não quer dizer que o empresário esteja obtendo melhores resultados.
O mercado é regido pela livre concorrência. Deste modo, o Sindicombustíveis não define, regula ou pesquisa preços. Mas a entidade se sente na obrigação de trazer para o debate algumas informações disponíveis no mercado:
– Um ponto não levando em consideração na análise do blog é que por conta dos problemas de abastecimento de combustíveis, com estoques sendo repostos de forma parcial e até agora ainda não restabelecidos totalmente, os postos passaram a vender menor volume de gasolina durante a crise. Por uma questão econômica elementar, fica claro que se determinada empresa vende menos volume de produtos que o normal, uma das alternativas para conseguir obter o lucro necessário para sua sobrevivência pode ser realizar algum nível de alteração de preços.
– A margem de lucro apontada pela ANP não é 100% lucro para o empresário. A margem de lucro de um produto também é utilizada para pagar os custos fixos dos postos, como por exemplo salários dos funcionários, aluguel, conta de água e luz, entre muitos outros. Apesar de a grande maioria dos postos do Paraná ter ficado mais de uma semana sem trabalhar, todas estas contas são cobradas na íntegra. Ou seja, não há desconto referente aos dias que a empresa ficou parada. Frentistas, por exemplo, não receberão salário parcial, somente pelos dias trabalhados. Deste modo, também pode ocorrer que algumas empresas optem por ter alguma elevação no preço do produto para poder chegar ao final do mês com condição de pagar as contas.
– Por fim, lembramos que postos não compram diretamente das refinarias. Compram das distribuidoras. No post não há uma avaliação sobre quanto as distribuidoras pagaram das refinarias e quanto repassaram os postos. Só se fala dos postos. Assim, entendemos que uma materia como esta induz o leitor a acreditar que os altos custos da gasolina são de responsabilidade integral dos postos. Acreditamos que faltou citar ainda que quase metade do valor cobrado pelo litro é composto por impostos.
– Também não há citação no post sobre a política de preços da Petrobras, que desde julho de 2017, quando foi alterada, resultou até ontem (7 de junho) um aumento de 43,58% nas refinarias. Boa parte destes aumentos foram absorvidos pela revenda.