A Abrabar (instituição que representa bares e casas noturnas) jogou mais lenha na polêmica sobre a possibilidade de se liberar a entrada de mulheres nas baladas com ingressos mais baratos. O assunto está em discussão desde que uma juíza criticou publicamente a prática.
Fabio Aguayo, presidente da Abrabar e do Sindiabrabar, declarou nas redes sociais que é contra a medida. E à rádio CBN disse que , ao contrário do que pode parecer, a entrada mais barata às mulheres não é concedida para atrair o sexo oposto.
“Nós sabemos que a Constituição Federal no seu artigo 5.º proíbe diferenciações, principalmente entre gêneros”, disse. “Mas temos que lembrar que esse é um costume há muito tempo praticado no nosso setor, principalmente em função da desigualdade social e econômico, principalmente entre os homens e as mulheres.”
Ou seja, o que parece uma prática machista (fazer com que haja muitas mulheres no local como chamariz para clientes do sexo masculino), vira, no discurso de Aguayo, uma prática compensatória para as mulheres. Quase um gesto altruísta dos empresários em nome do feminismo.
Leia mais: “É justo a mulher pagar menos na balada?”
Evidente que o próprio fato de Aguayo reclamar no Facebook que isso tem peso econômico e que qualquer dinheiro faz diferença para o setor num momento de crise escancara que a prática tem finalidade comercial. Faz-se isso em busca do lucro.
E como diz uma frase que a repórter Camila Abrão gosta de citar (normalmente creditada ao jornalista Andy Lewis), “se você não está pagando, você não é o cliente, é o produto à venda”. No caso, a entrada feminina não é gratuita, mas é convenientemente facilitada. E como transformar mulheres em produtos não parece razoável, resta a opção de cobrar igualmente de todo mundo.
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