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Sabe uma coisa que a prefeitura de Curitiba poderia fazer para diminuir a criminalidade? Tirar de circulação os folhetinhos de prostituição colocados em todos os telefones públicos do Centro da cidade. Não se trata de uma questão de moralismo. É simples aplicação de um princípio que já deu certo em outros lugares: elimine as infrações menores e isso ajudará a evitar até os piores crimes.

Em 2005, as universidades de Harvard e de Suffolk fizeram um estudo para descobrir lugares em que a criminalidade era alta na cidade de Lowell, em Massachussetts. O próximo passo foi ir aos locais e perceber que se tratava de áreas degradadas, com lixo espalhado, vidros quebrados e outros problemas do gênero. O terceiro e último passo foi melhorar esses pequenos problemas em 50% dos locais. O resultado mostrou que nos lugares em que foi feita a minirreforma urbana as coisas melhoraram significativamente, com uma redução de 20% nas chamadas para a polícia.

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Nem se está falando aqui da “tolerância zero”, de Nova York, implantada justamente com base na teoria da vidraça quebrada. Lá, a coisa subiu a outro nível. Passou-se a coibir com rigor mesmo a menor infração, e em tese esse foi um dos fatores que ajudou a derrubar também os índices de crimes mais graves.

O que está se dizendo aqui é simplesmente que o poder público não deveria aceitar a degradação do espaço urbano. O vandalismo ocorre, sempre. Mas é papel do Estado impedir que a cidade fique imunda só porque alguém foi lá e fez o que não devia.

É exatamente o caso dos panfletinhos de prostituição. Eles estão em todos os lugares. E dão a exata medida da tolerância do poder público com a contravenção e o crime. O sujeito olha aquilo e pensa que o irregular está permitido. É como se visse a vidraça quebrada que deu origem ao nome da teoria, lá em 1982.

Os dois pesquisadores que inventaram a tese, James Wilson e George Kelly, perceberam que onde havia uma vidraça quebrada havia quase que um impulso básico de quem passava por ali de degradar mais o local, principalmente quebrando outros vidros. É como se percebesse que pode fazer o que quiser sem que corra o risco de ser punido.

Nessa época de eleição, os candidatos costumam fugir com alguma rapidez das perguntas sobre segurança pública. Dizem que a atribuição é mais do governo do estado, no que têm plena razão. Desde que estejam falando do policiamento, que é apenas um jeito de diminuir a criminalidade.

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Mas a prefeitura tem a obrigação de criar um clima em que as pessoas se sintam seguras e em que tenham incentivo para fazer a coisa certa. Ou pelo menos que não se vejam incentivadas a fazer a coisa errada.

É claro que os panfletinhos são só um exemplo. É preciso que as ruas estejam limpas e iluminadas. Que não haja venda de drogas ao ar livre. Que os ônibus não furem os sinais de trânsito. E, finalmente, que os próprios políticos deem o exemplo e se comportem conforme exigem o cargo e a boa ética.

Quando tudo isso estiver em ordem, o prefeito, seja quem for, poderá dizer que o resto, aí sim, é com o governo do estado.

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