
A prisão de Delcídio Amaral (PT-MS) mostra dois fatos importantes sobre a delação premiada. De um lado, revela como o instrumento pode ser usado como meio de chantagem entre cúmplices. De outro, demonstra que a delação resistiu a um teste pesado: a tentativa de sabotagem não funcionou.
Para quem está fora do esquema, deve parecer inacreditável que o sujeito, preso, ainda pense em fazer mais esquemas para se livrar. Mas o uso para chantagem deve ter parecido evidente para quem foi preso. Eles sabem de outras pessoas que colaboraram para o chuncho e estão em posição de denunciá-las. Vale aqui a velha regra: “É para alguém se dar mal? Antes ele do que eu.”
Nestor Cerveró, ao analisar a delação premiada, deve ter pensado nos dois lados que podiam lhe favorecer. De um lado, o Judiciário lhe oferecia uma redução de pena caso colaborasse. De outro, havia os cúmplices que poderiam lhe dar algo mais interessante. No leilão, a redução da pensa valeu mais do que a possibilidade de uma fuga que podia acabar à Pizzolato, na cadeia.
O teste funcionou para o instituto da delação. Os réus estão vendo que não adianta apostar em chicanas jurídicas; que fugir também leva à cadeia; e que a delação leva à redução de pena. Os acordos, assim, ajudam a desmontar o esquema e a levar as investigações adiante. Sem a “tentação” da delação, Cerveró teria ficado quieto, pois não teria nada a ganhar em dedurar Delcídio. O crime ficaria encoberto. E não se teria pegado um peixe graúdo.
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