A situação toda da falta de caixa para pagar o transporte coletivo em Curitiba começa a se voltar contra o governador Beto Richa (PSDB). “Ele [Richa] é o responsável pela instabilidade atual do serviço. Motoristas e cobradores não serão reféns dessa disputa”, disse o presidente do Sindimoc, sindicato de motoristas e cobradores da capital, Anderson Teixeira, segundo anotou o repórter Raphael Marchiori.
O sindicato prometeu colocar Richa no alvo nos protestos desta quinta-feira. O motivo é o atraso nos repasses do subsídio que o governo precisa pagar para manter a integração com a região metropolitana. Explicando: em tese, a responsabilidade pelas linhas que ligam Curitiba a outras cidades é do governo; por tradição, quem administra tudo é a Urbs, mas para compensar o rombo que isso causa, o governo paga um subsídio mensal ao sistema.
Hoje, a dívida do governo com a prefeitura é de R$ 16 milhões. E não se trata de uma liberalidade do governo (outras gestões não pagavam, mas também não havia o furo no sistema que existe hoje). Portanto, faz sentido que o governo seja cobrado – o que não quer dizer que a prefeitura de Curitiba seja completamente isenta de responsabilidade na história toda.
A solução ideal parece mesmo a que vem sendo aventada por Roberto Gregório, presidente da Urbs. A prefeitura continua cuidando da parte administrativa como um todo. Mas o pagamento diário das empresas é separado. A prefeitura diz que a parte interna, excluída a região metropolitana, não dá prejuízo, e que portanto nem cobraria mais o subsídio (nem faria sentido). Por outro lado, a Comec, do governo, jura que a metropolitana se paga (e por isso alega que está pagando mais do que devia com o subsídio). Sendo assim, não teria porque chiar em pagar essa parte do sistema, que seria autossustentável.
Ou seja, essa solução teria a vantagem de deixar claro de quem é cada responsabilidade. E traria ainda a vantagem adicional de deixar clara uma outra coisa: quem está mentindo. Afinal, de algum lado existe o rombo. E cada lado diz que o problema é da outra parte. Não faz o menor sentido.
A pergunta é: a dupla Richa e Ratinho aceitará esse acordo? E, caso contrário, outra pergunta: por que não?
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