• Carregando...
Deco Araújo. Foto: Divulgação.
Deco Araújo. Foto: Divulgação.| Foto:

A epidemia de projetos contra a suposta “ideologia de gênero” chegou a mais uma cidade. O vereador Deco Araújo, popularmente conhecido como Deco do Hot Dog, anunciou que não vai mais tolerar teorias de igualdade entre gêneros e que vai até o fim na defesa da família. E realmente seu projeto vai até o fim.

“Não sou a favor dos padrões estabelecidos pela sociedade civil que têm deformado e doutrinado nossas crianças”, disse o vereador no Facebook, ao anunciar seu projeto de lei para “proteger os valores familiares estabelecidos”.

O projeto é mais radical do que qualquer outro que tenha aparecido na onda de ultraconservadorismo. Proíbe tudo, a todo momento, em todo lugar. Escolas não podem escolher livros, igrejas não podem falar sobre igualdade, políticos não podem recomendar leituras.

O texto proíbe literalmente: “distribuição, utilização, exposição, apresentação, recomendação, indicação e divulgação de livros, publicações, palestras, folders, cartazes, vídeos, faixas ou qualquer tipo de material, lúdico, didático ou paradidático, físico ou virtual, contendo manifestação ou mensagem subliminar de igualdade (ideologia) de gênero em locais públicos, privados de acesso ao público e entidades de ensino no município”.

Leia mais: O incrível caso dos vereadores que lutaram para que a Turma da Mônica não corrompesse crianças

E o critério para definir o que deve ser banido não poderia ser mais amplo. Fica proibido tudo aquilo que “inclui em seu conteúdo informações sobre a prática da orientação ou opção sexual, da igualdade e desigualdade de gênero, de direitos sexuais e reprodutivos, da desconstrução da família e do casamento tradicionais”.

Ou seja: nenhuma médica poderia fazer uma palestra ensinando as pessoas a não engravidarem. Ninguém poderia sequer contestar o casamento tradicional em praça pública. E se dissesse que ser gay não é problema, o cidadão estaria infringindo a lei.

Quando se aprovou o AI-5, Pedro Aleixo alertou que o problema não era o que o ministro da Justiça ia fazer. O problema era o que faria o guardinha da esquina com todo aquele poder. No caso da imaginária “ideologia de gênero”, a discussão começou perigosa no centro. E vai cada vez mais se parecendo com uma caça às bruxas nas bordas.

Siga o blog no Twitter.

Curta a página do Caixa Zero no Facebook.

0 COMENTÁRIO(S)
Deixe sua opinião
Use este espaço apenas para a comunicação de erros

Máximo de 700 caracteres [0]