Texto publicado hoje na Gazeta do Povo:

Um vídeo visto por cerca de 1,1 milhão de pessoas na internet fez o Partido dos Trabalhadores reagir e negar que puna parlamentares que se posicionem contra a descriminalização do aborto. No vídeo, o pastor Paschoal Piragine Júnior, da Primeira Igreja Batista, de Curitiba, pede aos fiéis que não votem na legenda. Segundo o discurso, feito no dia 29 do mês passado, o PT, por ter fechado questão a favor da legalização do aborto, significaria a “institucionalização da iniquidade”.

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O posicionamento do pastor foi gravado pela igreja e foi parar no site YouTube. Piragine Júnior diz que em 30 anos de ministério nunca pediu aos fiéis para votar em ninguém. Desta vez, porém, em razão de o PT ter se posicionado no 3.º Congresso Nacional do partido sobre o aborto, ele decidiu romper o silêncio. “Não estou pedindo voto para ninguém”, disse, em entrevista.

O texto aprovado no congresso petista prega a “defesa da autodeterminação das mulheres, da descriminalização do aborto e regulamentação do atendimento a todos os casos no serviço público evitando assim a gravidez não desejada e a morte de centenas de mulheres, na sua maioria pobres e ne­­­­gras, em decorrência do aborto clandestinos e da falta de responsabilidade dos estados no atendimento adequado às mulheres que assim optarem”.

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No entanto, o partido nega que todos os parlamentares sejam obrigados a assumir essa posição. “Eu, por exemplo, sou coordenador na Região Sul da Frente Parlamentar em Defesa da Vida – Contra o Aborto. Essa é uma questão de foro íntimo, não cabe fechar questão”, diz o deputado federal paranaense André Vargas.

No entanto, em 2009, o partido suspendeu os direitos de dois deputados que tomaram atitudes contrárias à legalização do aborto. Luiz Bassuma e Henrique Afonso acabaram se desligando do partido. Segundo o deputado paranaense, o que aconteceu nos dois casos foi que os parlamentares “radicalizaram” sua posição. Bassuma foi o responsável por propor uma CPI do Aborto.

O deputado, que faz parte da direção nacional do partido, diz que o PT não decidiu ainda se vai ou não processar o pastor pelos comentários. Num primeiro momento, o presidente estadual do PT, deputado estadual Ênio Verri, havia afirmado que iria levar o caso à Justiça, mas depois recuou. “Vamos tratar desse caso politicamente. Há várias lideranças religiosas que nos apoiam. O pastor é uma voz isolada”, declara André Vargas.

O pastor Piragine afirma que não teme um processo judicial, já que tudo o que ele falou em seu posicionamento pode ser provado. Também diz que sua postura não é única. “Se o terreno não estivesse preparado, as declarações seriam inócuas”, afirma o pastor, que se diz espantado com o tamanho da repercussão que obteve.

O posicionamento do pastor também causou reações no mundo evangélico. Um grupo minoritário dentro da comunidade batista, intitulado “Aliança de Batistas do Brasil”, publicou na internet um desagravo ao PT.

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