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Às vésperas da votação do ajuste fiscal, Greca começa a “desligar” a cidade

Rafael Greca. Foto: Antonio More/Gazeta do Povo. (Foto: )

Numa entrevista que deu nesta semana, ao ver que teria mais problemas do que imaginava para aprovar seu ajuste fiscal, Rafael Greca disse que, se nada mudasse, seria o caso de ir desligando a cidade aos poucos. Um serviço de cada vez iria pifando, por falta de dinheiro. Nesta sexta, às vésperas da nova tentativa de votação dos projetos, isso começou a ser posto em prática.

O Instituto Pró-Cidadania de Curitiba, que funciona há 30 anos (e que ganhou este nome na primeira gestão de Rafael Greca, em 1993), está encerrando a longa parceria com a prefeitura. Os funcionários foram avisados por meio de nota de que a maioria será dispensada. Para a população, o efeito é igualmente grave.

Reportagem de Rosana Félix mostra que dos mais de 900 agentes de saúde, só metade passam a trabalhar para a prefeitura num primeiro momento: são 590, segundo a prefeitura. Os outros poderão ser absorvidos depois. Mas isso cria um problema grave, especialmente na periferia.

Os funcionários do Saúde da Família são fundamentais para atendimento nos bairros. Visitam doentes crônicos, facilitando a vida da população e, ao mesmo tempo, desafogando as unidades de saúde: quem recebe atendimento em casa não precisa ir no posto. São doentes de diabetes, hipertensão e outras doenças crônicas.

Reciclagem

Outra situação grave é em relação à reciclagem do lixo, que chegou a ser a menina dos olhos da cidade 20 anos atrás. O IPCC era o responsável pela maior parte do trabalho: a maior usina recicladora da região fica em Campo Magro e é do instituto. As outras são bastante menores.

Sem a usina terceirizada, a prefeitura está trabalhando para repassar o material para associações de catadores. Mas ainda não está claro como eles vão fazer o trabalho de reciclagem sem acesso à usina, ou sem que seja contratado outro maquinário.

A prefeitura alega que os convênios com o IPCC já foram encerrados na gestão de Gustavo Fruet. Em 2014 o dos catadores; em 2015 o dos agentes comunitários de saúde; e em novembro de 2016 o da usina de lixo. Desde então, o trabalho vinha sendo pago mês a mês, por apresentação de notas.

Mas isso não se manteve porque a gestão Greca parou de pagar, alegando que os serviços podem não ter sido prestados. Nos bastidores, a prefeitura insinua que há fatos importantes a serem revelados sobre a antiga gestão que explicariam as decisões que estão sendo tomadas agora.

É evidente que, independente dos motivos, a interrupção dos trabalhos do IPCC na véspera da votação do ajuste fiscal terá peso político. A prefeitura poderá alegar que, sem a aprovação dos projetos, outros serviços vão parar e a cidade entrará em colapso.

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