Ratinho Jr.. Foto: Alexandre Mazzo/Gazeta do Povo.| Foto:

A sabatina de Ratinho Jr. (PSD) na Gazeta do Povo mostrou que o candidato favorito ao governo do Paraná quer ficar apenas com o lado bom de sua passagem pelo governo de Beto Richa (PSDB), hoje preso em Curitiba. Cita os números de sua secretaria como se ela tivesse sido uma ilha independente, e como se sua permanência no governo não dependesse de ser tolerante com a série de erros e malfeitos cometidos pela gestão.

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Durante a entrevista, de uma hora e meia, Ratinho diz que “sente orgulho” de ter sido secretário de Desenvolvimento Urbano e citou novamente, como tem feito em todos os eventos de campanha, as duas mil obras, as três mil operações financeiras, os maquinários, a distribuição de recursos, a eficiência obtida etc. É seu principal portfólio eleitoral.

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No entanto, assim que é lembrado que fez parte de um governo envolvido em Quadro Negro, Publicano, Voldemort, Lava Jato, de um governo que se elegeu com recursos ilícitos da Odebrecht, que tem seu núcleo central todo preso hoje, Ratinho finge que não tem nada a ver com essas pessoas. “Vocês estão tentando jogar no meu colo assuntos que não são meus”, disse.

Evidente que quem deve responder pelos ilícitos são as pessoas que os cometeram. E, pelo menos até agora, nada consta contra Ratinho. Nesse sentido ele tem razão. Mas é igualmente óbvio que o candidato tem de explicar por que decidiu permanecer continuamente num governo que a cada seis meses estava nas páginas policiais por mais um escândalo de dimensões continentais.

Por que, por exemplo, não abandonou o posto depois do 29 de abril? Não era o suficiente? Claro que ele tem o direito de permanecer, mesmo depois de descobrir que o governo estava desviando dinheiro de escolas para financiar campanhas eleitorais. Mas à beira de uma eleição para suceder quem fez isso, é importante saber por que ele não reagiu. Por que nem sequer tocou no assunto. Por que não assinou as CPIs.

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Quando questionado sobre o fato de haver duas candidaturas do antigo grupo de Beto, nem isso Ratinho admite. Embora diversos secretários de Richa estejam com ele, embora ele mesmo tenha sido parte do governo, beneficiado com bilhões que pôde distribuir em obras, embora partidos inteiros estejam a seu lado depois de formar o governo. É como se Richa fosse uma mancha que Ratinho quer apagar da pele.

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Mas o currículo político de alguém não é uma mancha. É mais como uma tatuagem. E se Ratinho tem todo o direito de sentir orgulho do que fez no governo, tem também a obrigação de responder pelo que não fez. Tem que responder por que preferiu ficar num governo que, evidentemente, não merecia mais a confiança dos paranaenses pelo menos desde 29 de abril de 2015.